quinta-feira, 31 de outubro de 2013

Funcionários da FUNASE denunciam problemas na Unidade de Garanhuns

Dois funcionários da Fundação de Atendimento Socioeducativo (FUNASE), mantida pelo Governo de Pernambuco, denunciaram problemas na unidade de Garanhuns. Eles deram entrevista exclusiva ao telejornal ABTV 2ª Edição e, sem revelar as identidades, relataram entrada de produtos ilegais, violência e descaso administrativo.

A reportagem da TV Asa Branca teve acesso a imagens em que um menor aparece fumando um cigarro. Um dos funcionários afirmou que os menores chegam a usar maconha e praticam violência sexual. “Eles ligam o som, e colocam uma cortina na frente, que é proibida, mas a direção libera. E levam o adolescente até o banheiro e há espancamento e violência sexual”, contou.

Outro afirma sentir dificuldade em lidar com menores transferidos. “Os menores infratores de Garanhuns, além de ter um menor conhecimento de bandido, eles são mais tranquilos. Já o pessoal de Recife, eles já vêm de rebeliões. Aí eles vêm pra cá e querem transformar aqui do jeito que é lá”, afirmou.

Eles ainda dizem que fazem relatórios com denúncias para a direção, mas não há solução. “Chegamos a ler relatórios de adolescentes extremamente agressivos, perigosos lá dentro, mas que iam falando muito bem dele e pedindo até a liberdade assistida. Ou seja, um adolescente extremamente perigoso ia ser colocado na rua para cometer seus delitos e a sociedade tem que saber dessas coisas”.

Contudo, ainda segundo eles, trabalhar lá também é perigoso. Um funcionário teria sido até enrolado em um colchão e quase foi queimado pelos menores. “A gente não tem sindicato, a gente não tem nada. Tanto que o que a maioria da direção fala é que 'Se você não gostar, não se preocupe não, tem 13 na seleção esperando. Saia, assine sua rescisão de contrato'”, relatou um deles.

RESPOSTA DO ESTADO - Sobre a transferência de reeducandos o presidente da FUNASE, Eutácio Borges (foto abaixo), informou que isso acontece quando um adolescente não tem boa convivência com outro. "Esses problemas, geralmente, acontecem por causa do tráfico de drogas. Então, no momento da chegada de um menor à unidade fica difícil a gente fazer esse trabalho de convivência com eles", disse. Sobre os casos de abusos sexuais, Borges informou que quando acontece a prática desse crime a unidade toma as medidas cabíveis. "Comunicamos ao juiz e conduzimos a vítima e o agressor para os atendimentos necessários".


Com relação as denuncias de entrada de drogas na unidade, o presidente informou que todas as unidades estão adotando o sistema de câmeras de monitoramento para identificar como os jovens têm acesso aos produtos ilícitos. Sobre as fugas dos menores ele alegou que a FUNASE de Garanhuns têm algumas fragilidades, mas que o local está passando por obras para solucionar os problemas.
 
As unidades da FUNASE foram pensadas para atender a jovens de 12 a 21 anos que cometem atos considerados infracionais, objetivando a reeducação deles. Atualmente, 68 internos estão registrados na unidade de Garanhuns, enquanto a estrutura seria apropriada para apenas 35. Muitos conseguem escapar – de janeiro a junho desde ano foram registrados 51 fugas. Somente em outubro, 18 reeducandos escaparam. (Do G1 Caruaru)