Dois
funcionários da Fundação de Atendimento Socioeducativo (FUNASE), mantida pelo Governo
de Pernambuco, denunciaram problemas na unidade de Garanhuns. Eles deram
entrevista exclusiva ao telejornal ABTV 2ª Edição e, sem revelar as
identidades, relataram entrada de produtos ilegais, violência e descaso
administrativo.
A
reportagem da TV Asa Branca teve acesso a imagens em que um menor aparece
fumando um cigarro. Um dos funcionários afirmou que os menores chegam a usar
maconha e praticam violência sexual. “Eles ligam o som, e colocam uma cortina
na frente, que é proibida, mas a direção libera. E levam o adolescente até o
banheiro e há espancamento e violência sexual”, contou.
Outro afirma
sentir dificuldade em lidar com menores transferidos. “Os menores infratores de
Garanhuns, além de ter um menor conhecimento de bandido, eles são mais
tranquilos. Já o pessoal
de Recife, eles já vêm de rebeliões. Aí eles vêm pra cá e querem transformar aqui do jeito que é lá”,
afirmou.
Eles
ainda dizem que fazem relatórios com denúncias para a direção, mas não há
solução. “Chegamos a ler relatórios de adolescentes extremamente agressivos,
perigosos lá dentro, mas que iam falando muito bem dele e pedindo até a
liberdade assistida. Ou seja, um adolescente extremamente perigoso ia ser
colocado na rua para cometer seus delitos e a sociedade tem que saber dessas
coisas”.
Contudo,
ainda segundo eles, trabalhar lá também é perigoso. Um funcionário teria sido
até enrolado em um colchão e quase foi queimado pelos menores. “A gente não tem
sindicato, a gente não tem nada. Tanto que o que a maioria da direção fala é
que 'Se você não gostar, não se preocupe não, tem 13 na seleção esperando.
Saia, assine sua rescisão de contrato'”, relatou um deles.
RESPOSTA
DO ESTADO - Sobre a
transferência de reeducandos o presidente da FUNASE, Eutácio Borges (foto abaixo), informou
que isso acontece quando um adolescente não tem boa convivência com outro.
"Esses problemas, geralmente, acontecem por causa do tráfico de drogas.
Então, no momento da chegada de um menor à unidade fica difícil a gente fazer
esse trabalho de convivência com eles", disse. Sobre os casos de abusos
sexuais, Borges informou que quando acontece a prática desse crime a unidade
toma as medidas cabíveis. "Comunicamos ao juiz e conduzimos a vítima e o
agressor para os atendimentos necessários".
Com relação as denuncias de entrada de drogas na
unidade, o presidente informou que todas as unidades estão adotando o sistema
de câmeras de monitoramento para identificar como os jovens têm acesso aos
produtos ilícitos. Sobre as fugas dos menores ele alegou que a FUNASE de
Garanhuns têm algumas fragilidades, mas que o local está passando por obras
para solucionar os problemas.
As unidades da FUNASE foram pensadas para atender a jovens de 12 a 21 anos que
cometem atos considerados infracionais, objetivando a reeducação deles.
Atualmente, 68 internos estão registrados na unidade de Garanhuns, enquanto a
estrutura seria apropriada para apenas 35. Muitos conseguem escapar – de
janeiro a junho desde ano foram registrados 51 fugas. Somente em
outubro, 18 reeducandos escaparam. (Do G1 Caruaru)