O assunto é
destaque no Jornal do Commercio, edição deste Domingo, dia 20/10/2013:
“Águas Belas é um Big Brother. A definição, feita pela
delegada Josineide Confessor, do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa
(DHPP) e uma das integrantes da força-tarefa que investiga a morte do promotor
Thiago Faria Soares, dá o tom exato do clima que permeia este município do
Agreste com cara de Sertão.
Traumatizada com a tragédia recente e ressabiada com o
histórico de violência e pistolagem, a cidade tem câmeras de segurança na
maioria das ruas. Quase todo comércio tem a sua. As imagens, comumente
utilizadas para a prevenção de assaltos, podem ser decisivas para desvendar o
crime que chocou o País.
Supermercados, postos de gasolina, farmácias, lojas de
roupa e estabelecimentos comerciais em geral têm aparelhos de filmagem
instalados. Algumas casas mais abastadas também contam com o dispositivo.
A implementação do recurso custa na ordem de R$ 3 mil,
mais cerca de R$ 500 por mês com manutenção. O gasto pesa no bolso, mas é
classificado pelos comerciantes, pelos moradores e até mesmo pela polícia como
fundamental para evitar assaltos e arrombamentos. Mais que isso, para poupar
vidas.
A Rua João Rodrigues Cardoso, conhecida como Rua dos
Armazéns, principal ponto de comércio e fincada na região central de Águas
Belas, faz jus à comparação com o Big Brother, reality show onde os
participantes são monitorados 24 horas por dia.
Após a morte do promotor, que morava numa casa de
primeiro andar em Águas Belas e foi executado às margens da PE-300 na última
segunda-feira, o clima de medo e silêncio foi amplificado. As rondas policiais,
que já eram diárias, se intensificaram, sobretudo à noite, reforçadas pela
Ciosac. A reportagem flagrou uma blitz feita por duas viaturas do 9º Batalhão
da Polícia Militar (BMP), para abordagem, sobretudo, de pessoas com moto,
veículo que é febre na região, tanto entre os homens quanto entre as mulheres.
O soldado Wilker Carlos lembra que desde março Águas
Belas não registrava um homicídio sequer. “A gente pediu que quem pudesse
instalasse câmera porque estava havendo uma
onda de arrombamentos. Rondas e bloqueios são de rotina. Este mês, contamos com
o reforço de uma guarnição da Operação Volante”, comenta.
Em Itaíba, cidade vizinha e onde o promotor Thiago Faria
Soares atuava, o clima ainda é de medo, mas a rotina aos poucos volta à
normalidade. Moradores são unânimes em afirmar que, apesar de também registrar
assaltos e ter na história uma tradição violenta, o município é mais calmo que
Águas Belas. Prova disso é que as câmeras de segurança não são comuns por lá.
Entre janeiro e setembro deste ano, Itaíba
registrou dois homicídios, metade do número contabilizado no mesmo período do
ano passado, quando quatro pessoas foram mortas. Em Águas Belas, os
assassinatos caíram de oito para cinco entre um ano e outro. Os dados foram
repassados pela Secretaria de Defesa Social (SDS)”. (Wagner Sarmento/JC)