Essa é destaque no
Jornal do Commercio de 19/10/2013:
“O Estado vai rever o projeto de concessão da BR-232 no
trecho Recife-Caruaru. Segundo o secretário de Governo, Milton Coelho, a ideia
é “aprofundar os estudos do projeto”. Uma das mudanças
cogitadas pelo Estado é criar um gatilho contratual, uma
nova garantia: a possibilidade de futura cobrança de pedágio, em caso de
desequilíbrio financeiro da concessionária. Uma das grandes polêmicas do
projeto é justamente a proposta de fazer uma concessão sem pedágio, algo
inédito no Brasil. Portugal, um símbolo desse modelo, desistiu desse tipo de
contrato por não conseguir pagar a pesada fatura. Sem pedágio, a estimativa é
que Pernambuco gaste até R$ 9,57 milhões por mês, R$ 2,643 bilhões em 25 anos.
O pedágio seria não uma certeza, mas uma possibilidade,
caso ocorra um dos seguintes problemas na concessão: mais tráfego de veículos
do que o projetado nos estudos, se o custo da operação for maior que o previsto
ou mesmo se Pernambuco tiver um problema de caixa para bancar a fatura. Assim,
haveria a cobrança aos motoristas e dinheiro público desembolsado, como no
acesso viário ao Paiva, no Cabo de Santo Agostinho. “Não é desejo do Estado
cobrar pedágio, mas estamos aprofundando os estudos”, afirma Milton Coelho.
Concessões com pedágio são maioria em todo o mundo. Foram
adotadas com sucesso em São Paulo, onde estão as melhores estradas do País, e
também pelo governo Dilma Rousseff (PT), nos atuais leilões de rodovias. Mas o
lado financeiro não é a única polêmica da 232.
O JC revelou a existência do projeto no último dia 1º e
desde então apontou diversas distorções não só na proposta de concessão, como
em todo o programa estadual de parcerias público-privadas (PPPs), marcado por
falta de transparência e praticamente nenhuma competição real. As quatro PPPs
já licitadas foram vencidas por quem propôs os estudos três delas por empresas do grupo Odebrecht, que também é autora da proposta da BR-232.
No último dia 10, após receber várias críticas sobre todo
o processo, o governo divulgou que realizaria três audiências públicas: no Tribunal
de Contas do Estado (TCE), na próxima segunda-feira, na Assembleia Legislativa,
na próxima quinta-feira, e outra em Caruaru, em data a definir. Ontem, porém, o
governo cancelou a do TCE e sua presença na Assembleia.
“Vamos fazer um check-list em cada
dado, cada informação, cada número”, diz Milton. “Não trabalhamos com a ideia de modificar o projeto, mas não tenho ideia fixa”, diz o secretário.
O Estado iniciou a consulta pública sobre a 232
no último dia 7. É uma exigência legal que já libera a licitação. Milton,
porém, diz que contribuições recebidas no período motivaram a revisão. “Estamos
recebendo muitas sugestões na consulta pública”,
conta Milton. Ele diz que a revisão não muda os prazos”. (Giovanni Sandes/JC)