O Jornal do
Commercio desse domingo, dia 28, trouxe a seguinte reportagem:
A baixa do leite (como os
produtores costumam apelidar a crise) também eliminou empregos na indústria. As
demissões vieram junto com a seca e se acentuaram com o desajuste financeiro
das empresas. Pelas contas do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de
Laticínios e Produtos Derivados de Pernambuco (Sintilpe), 60% das vagas
fecharam no setor, restando 3 mil trabalhadores no Estado. Cerca de 4 mil foram
desligados.
Na fábrica da LBR-Lácteos
Brasil em Garanhuns, as demissões começaram em 2012, com o número de
colaboradores caindo de 230 para os atuais 140. A Nutrir Produtos Lácteos (dona
da marca Natural da Vaca), em Gravatá, dispensou 100 dos seus 220 empregados.
No período mais crítico da seca, a Betânia (no município da Pedra) reduziu o
quadro pela metade, mas voltou a contratar com o arrefecimento a estiagem.
"Estamos preocupados com
o futuro da atividade. Desde a privatização da Cilpe (em 1994) não existe uma
política que atenda o trabalhador do setor de laticínios e garanta os empregos
nos períodos de entressafra. Além disso, a gente vem enfrentando o problema do
fechamento de muitas empresas do setor, que inauguram e com pouco tempo já
apresentam problemas e demitem", diz o presidente do Sintilpe, Luiz
Alberto Menezes.
Com a indústria sem processar
leite há um mês, os colaboradores da LBR estão ociosos. Quando o JC esteve na
fábrica, na semana passada, encontrou um grupo na saída do expediente. Eles
contaram que estão trabalhando em sistema de rodízio e utilizando o banco de
horas para compensar os dias parados. "O esquema semanal de trabalho é de
seis folgas e um dia de expediente", explica Menezes, funcionário da
empresa há 27 anos (desde a época da Cilpe). O sindicalista diz que os salários
estão em dia e que as verbas rescisórias foram pagas corretamente.
A insegurança dos
trabalhadores da LBR é em rel ao futuro da unidade pernambucana. A indústria
recebeu uma proposta de compra da ARC Medical Logística, que se propõe a pagar
R$ 50 milhões pela unidade, mas o acordo aguarda aprovação do Conselho
Administrativo de Defesa Econômica (Cade) e homologação da Justiça. "Numa
audiência de credores que participamos em São Paulo no mês passado, os
trabalhadores conseguiram garantia de estabilidade de um ano no emprego após a
venda para a ACR", destaca Menezes. Na proposta de compra, a ACR se isenta
de assumir encargos e obrigações trabalhistas, exigindo que a LBR demita e
pague aos colaboradores antes de recontratá-los.
Quando entrou em processo de recuperação judicial, em 2012, a Nutrir acumulava uma dívida trabalhista de R$ 1 milhão, mas o valor foi quitado em 12 meses. (Jornal do Commercio – Edição de 28/09/2014. Imagens: JC)
Quando entrou em processo de recuperação judicial, em 2012, a Nutrir acumulava uma dívida trabalhista de R$ 1 milhão, mas o valor foi quitado em 12 meses. (Jornal do Commercio – Edição de 28/09/2014. Imagens: JC)