No mesmo dia em que a
presidente nacional do PT, a senadora Gleisi Hoffmann (PT), e o governador
Paulo Câmara (PSB) discutiam, em Brasília, um consenso que viabilizasse a
aliança entre os partidos, os petistas pernambucanos tinham acesso a uma
pesquisa encomendada pela própria executiva nacional do PT, que apontou a
vereadora do Recife Marília Arraes (PT) e o senador Armando Monteiro (PTB) à
frente de Paulo na disputa pelo Palácio do Campo das Princesas. Armando teria
certa vantagem, já que Mendonça Filho (DEM) e Fernando Bezerra Coelho (MDB),
que apoiam o Petebista, e pontuaram bem no Estudo.
O resultado poderá causar uma
reviravolta nas conversas entre o PT e o PSB, a começar pela mudança de
discurso do principal defensor da coligação entre as siglas, o senador Humberto
Costa (PT). Ontem, dia 5, após o levantamento – realizado para consumo interno
do PT – ser apresentado à Executiva Estadual, Humberto afirmou que não vai mais
se opor à tese de candidatura própria. Para ele, a decisão sobre ter candidato
ou apoiar Paulo Câmara deve ser avaliada nacionalmente.
“Não temos nada contra ter
candidatura própria. O que a gente achava era que era uma coisa inviável. Mas,
neste momento, pelo que a pesquisa diz tem viabilidade”, disse. Todavia, ao ser
questionado, Humberto reforçou que mantém a defesa da aliança com o PSB por
considerar positiva para a defesa da candidatura do ex-presidente Lula (PT) à
Presidência. “Continuo porque eu acho que é importante para o nacional”, disse.
Humberto e Marília, que tenta se viabilizar como pré-candidata, travam uma
disputa interna que expôs um racha no PT. Enquanto a neta de Miguel Arraes
concedia entrevistas diárias em rádios locais criticando o governo Paulo, o
senador subia à tribuna do Senado para defender abertamente a formação da
aliança do PT-PSB.
Defensores da candidatura de
Marília estavam ansiosos pela pesquisa e apostam nela como um trunfo para que o
projeto de candidatura do PT seja mantido. A deputada estadual Teresa Leitão
(PT) integra o grupo e afirmou que, até o domingo, dia 10, no encontro de
delegados – quando 300 representantes das diversas tendências do Partido devem
votar se querem aliança com o PSB ou candidatura própria – surgirão muita
declarações. “Se ele (Humberto) chegar no encontro com a posição de retirar a
tese da aliança, é uma coisa. E não é ele sozinho que está defendendo a tese da
aliança, há outros setores, mas vamos aguardar”.
Humberto Costa é cotado ao
Senado na chapa de Paulo, que também deve contar com o deputado federal Jarbas
Vasconcelos (MDB). Se o PT decidir pela candidatura de Marília, Humberto deve
avaliar a qual cargo irá disputar. Nos bastidores, defensores da aliança
acreditavam que o martelo poderia ter sido batido ontem, dia 5, após o encontro
entre Gleisi e Paulo. Mas o posicionamento de Humberto Costa deixa dúvida sobre
a viabilidade da união. “É o PT Nacional que tem que decidir se ele vai querer
ou não fazer aliança nacional. Não me sinto mais com responsabilidade em
relação a nada. Não vou me opor, vou cumprir a decisão a ser tomada”.
Por outro lado, o
vice-presidente do PT-PE, Oscar Barreto, defende aliança e afirma que “pesquisa
é momento”. “Tivemos várias eleições em que pesquisa apontava um e deu outro, é
elemento para que o grupo de campanha faça sua estratégia, e não definidor.
Temos que lembrar que não está posta ainda a campanha, coisas podem mudar. Quem
está compartilhando acha que está na frente e ganhou, mas isso divide o PT e o
PT dividido não tem futuro”, diz.
Um dos pré-candidatos ao
governo pelo PT, o deputado estadual Odacy Amorim considera que a pesquisa
ficou prejudicada por ter sido realizada durante a greve dos caminhoneiros.
“Foi um momento muito ruim para fazer essa pesquisa, em que o Estado estava
parado. Mas o mais importante é que o partido se defina. Eu vejo que a nacional
tem uma responsabilidade muito grande a respeito disso”. Teresa Leitão ressalta
que a pesquisa foi uma exigência do próprio Humberto. “Ela foi feita inclusive
como um elemento referencial para uma tomada de posição. Tanto é que nós
queríamos que esse encontro já tivesse sido realizado, no dia 12 de maio e,
nesse processo de adiamento, um dos argumentos que eles utilizaram foi a
realização da pesquisa”, disparou. (Com
informações do Jornal do Commercio. CONFIRA)