A partir de hoje, dia 1º/7,
começam a valer as novas regras, anunciadas em abril, para uso do Cheque Especial.
As mudanças foram propostas pelo próprio setor financeiro. Segundo a Federação
Brasileira de Bancos, o objetivo é reduzir o índice de inadimplência e,
consequentemente, os juros, que hoje estão, em média, em 321% ao ano, mas podem
chegar a 518% anuais, dependendo da instituição bancária, de acordo com o Banco
Central.
Pelas novas regras, os bancos
devem apresentar no extrato o saldo do cheque especial à parte, e não incluído
no saldo da conta corrente do cliente. Os bancos também terão que avisar ao
cliente quando o cheque especial for utilizado e a conta corrente ficar sem
saldo. Para os clientes que usarem mais de 15% do limite da conta ao longo de
um mês, será preciso entrar em contato para oferecer alternativas de crédito
mais baratas para o financiamento da dívida. Caso o consumidor não aceite a
oferta e continue utilizando o saldo restante do cheque especial, o banco deve
voltar a fazer a mesma proposta 30 dias depois.
As opções de financiamento da
dívida mais vantajosas devem ser disponibilizadas ao cliente a qualquer
momento. Basta que entrem em contato com o Banco. O novo sistema vai permitir
um melhor acompanhamento do uso do cheque especial por parte do usuário, mas
não evita o principal problema dessa modalidade de crédito: os juros altos.
Para o analista financeiro e professor aposentado de Economia da Universidade
Federal de Pernambuco (UFPE), Roberto Ferreira, o cheque especial é uma ótima
ferramenta de crédito, mas que deve ser evitada. “O cheque especial é para ser
utilizado em uma emergência, quando é necessário saldar uma despesa e não há
dinheiro disponível no momento. O problema é deixar essa dívida rolar”, diz o
professor. Ele alerta que, além dos juros “absurdos”, todo crédito bancário vem
acompanhado de outras taxas, como o IOF (imposto sobre operações financeiras),
e multa por dias de atraso. “O ideal é que o correntista tivesse uma reserva,
que pode ser um valor na poupança ou aplicação em renda fixa, para saldar o
mais rápido possível a dívida com o cheque especial”, afirma Ferreira.
Segundo a Febraban, o uso do
cheque especial caiu 4,5% em 12 meses (entre janeiro de 2017 e janeiro de
2018), mas a Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) aponta que o
cheque especial é a terceira modalidade de crédito mais utilizada no comércio,
ficando atrás do cartão de crédito e do crédito pessoal. (Com informações e arte do Jornal do Commercio. CONFIRA)