Pernambuco fechou o primeiro semestre de 2018 com um total de 2.279
assassinatos. Os números colocam a violência no Estado, no que diz respeito aos
homicídios, no mesmo patamar de dez anos atrás.
Nos seis primeiros meses de 2008, ano seguinte à implantação do Pacto
pela Vida, foram contabilizados 2.285 crimes violentos letais intencionais
(CVLIs). A totalização
do semestre deste ano representa uma queda de 21% em relação aos seis meses do
ano passado, mas é superior ao mesmo período de todos os anos anteriores, de
2009 a 2016. O balanço,
divulgado pela Secretaria de Defesa Social (SDS), mostra que, em junho deste
ano, 335 pessoas foram assassinadas no Estado, o que representa uma redução de
quase 12% no comparativo com o mesmo período do ano passado, quando ocorreram
379 mortes violentas.
Apesar da
queda, registrada pelo sétimo mês seguido, a média diária de CVLI no Estado
permanece alta: 12,5 homicídios. Bem distante dos 8,8 assassinatos/dia, atingidos no primeiro
semestre de 2016, quando o Pacto pela Vida apresentou os melhores resultados. A
constatação de que, passada uma década, o Estado voltou aos mesmos indicadores
observados no início do programa revela uma estagnação no enfrentamento à
violência, na avaliação da pesquisadora Marília Montenegro, professora de
direito penal da Universidade Federal de Pernambuco e da Unicap.
“Tudo que se
investiu em produtividade, em metas, produziu uma estabilidade frágil de
redução dos homicídios, já que não conseguimos atacar as causas estruturais que
alimentam essas mortes. É
como se a gente tivesse estancado uma sangria, mas falta consistência para dar
continuidade a essa redução no longo prazo”, observa a Pesquisadora.
Para o secretário de Defesa Social, Antônio de Pádua, as sucessivas
reduções de CVLIs dos últimos meses confirmam que a política de segurança tem
sido acertada, principalmente, segundo ele, depois dos ajustes feitos no início
do ano passado nos rumos do Pacto pela Vida.“Houve uma mudança de paradigma após o plano bienal que aprovamos em
abril de 2017. Apostamos no
aumento do efetivo, na interiorização mais forte dos batalhões da Polícia
Militar, na aquisição de equipamentos, em operações qualificadas de
inteligência com foco no combate aos homicídios e ao narcotráfico. É um
conjunto de investimentos que vem apresentando bons resultados e vai ajudar a
produzir patamares ainda menores”, analisou Antônio de Pádua.
No balanço divulgado, junho foi o mês com menos ocorrências de
homicídios em uma série histórica de dois anos, sendo superado apenas por junho
de 2016, que contabilizou 333 CVLIs. No mês passado, 96 municípios
pernambucanos e o distrito de Fernando de Noronha não registraram nenhum
assassinato e 63 tiveram redução em relação ao mesmo período de 2017.
AGRESTE TEM MAIOR QUEDA - Na comparação com o primeiro semestre do ano
passado, foi observada uma queda nas estatísticas em todas as macrorregiões do
Estado. O percentual mais alto ocorreu no Agreste, que registrou uma redução de
28,24% das mortes violentas. O mais baixo se deu no Sertão, com uma diminuição
de 11,38%.
De acordo com a SDS, o envolvimento com o tráfico de drogas, acerto de
contas e outras atividades criminosas são as principais motivações para os
assassinatos em Pernambuco. O percentual, tanto em junho quanto no primeiro
semestre de 2018, se aproxima: 74,03% e 72,58% dos casos, respectivamente. A
segunda maior motivação, no mês, são os conflitos na comunidade (13,13%),
seguidos dos conflitos afetivos ou familiares (exceto feminicídio), que
representam 3,28% dos casos. (Com
informações do JC Online. CONFIRA)