O Jornalista Inaldo Sampaio, que assina a Coluna Fogo
Cruzado, num dos Blogs Políticos mais acessados do Nordeste, fez uma análise
sobre os primeiros noventa dias do Governo Jair Bolsonaro. Vale a pena
conferir:
“Após 14 anos de governos petistas – dois
mandatos de Lula e dois de Dilma Rousseff, sendo que o último desta última foi
complementado por Michel Temer, o Brasil resolveu apostar numa “coisa nova” na
eleição presidencial de 2018. Tinha opções melhores que o PT, como Ciro Gomes
(PDT) e Geraldo Alckmin (PSDB), mas resolveu apostar numa ruptura.
O candidato escolhido foi o ex-capitão do
Exército, Jair Bolsonaro, que nem partido político tinha. Filiou-se ao PSL a
seis meses da eleição após descartar o Patriotas que era sua primeira opção
depois do PSC (ao qual estava filiado). Que Bolsonaro não tinha preparo para
ser presidente da República, todos que o olhavam sem preconceito sabiam disto.
Mesmo assim, 57 milhões de brasileiros resolveram confiar-lhe o voto esperando
mudanças nos costumes políticos, na segurança pública e na retomada no
desenvolvimento.
Hoje, passados 90 dias da posse do novo
presidente, qual o saldo político e econômico desses três primeiros meses?
Brigas políticas desnecessárias, fuxicos, fofocas, demissão do ministro Bebiano
por ordem do vereador Carlos Bolsonaro, ministros que ainda não sabem o que
fazer com as suas pastas, desarticulação da base governista no Congresso
Nacional, etc. O presidente joga o futuro do seu governo na reforma previdenciária, no
que está absolutamente correto, mas nada faz de concreto para aprová-la.
Como foi deputado federal durante 28 anos,
sabe por experiência própria que ainda não se aprova nada de graça. Os
deputados exigem cargos no governo em troca de votos – isso é a cultura
brasileira – e não adiante dizer que não terão. O presidente chama isto de
“velha política” e diz que não haverá o “toma lá dá cá” no seu período de
governo. Escolheu seus ministros sem se submeter a esse jogo e fará a mesma
coisa com os ocupantes de segundo escalão. Isso na teoria pode até ser
simpático, mas na prática não funciona. Ou abre espaço para os parlamentares ou
não aprovará nem votos de pesar.
O que há de bom no governo é a área econômica, mas até ela está
engessada pela reforma previdenciária, pois nada propôs ate agora para reduzir
a taxa de desemprego em nosso país. Ou Bolsonaro abre os olhos e começa a
governar ou teremos pela frente dias sóbrios. Quem viver, verá. É isso aí”. (Inaldo Sampaio - http://www.inaldosampaio.com.br/)