domingo, 19 de março de 2017

DESCONFIANÇA: Consumidores mostram Receio de Comprar Carne e Embutidos

 

 “Qual a carne posso levar? Qual a marca que disseram que estava estragada?”. O diálogo por telefone era entre uma consumidora e o esposo em um supermercado. As dúvidas com a falta de informações transpareciam na hora da escolha e ela acabou levando peixe ao invés da carne vermelha.

O sentimento é reflexo imediato da operação Carne Fraca, deflagrada pela Polícia Federal, que atingiu os maiores frigoríficos do País e levantou suspeitas sobre o pagamento de propina a fiscais do Ministério da Agricultura para liberar produtos estragados e com certificados sanitários adulterados.

Aqui em Garanhuns, em três supermercados de redes diferentes os produtos das marcas envolvidas na investigação – JBS, dona da marcas Friboi, Seara e Big Frango, e a BRF, à frente da Sadia e da Perdigão – continuavam expostos nas gôndolas. Em reserva, os gerentes das lojas registraram que não foi repassada nenhuma orientação sobre a retirada dos produtos.

No setor de embutidos a desconfiança é ainda maior e alguns clientes faziam várias perguntas para os funcionários antes da compra. Uma aposentada preferiu não arriscar e levou peixe ao invés da charque. “Eu fiquei com medo, vou pensar antes e só depois vou comprar. Vou ver quais estão liberadas. Por ora, comprei peixes e ovos. Fiquei com medo ao ver a cor da carne, a qualidade”, disse ela, acrescentando que uma das favoritas na hora da feira era a charque da Friboi. “Não sou a maior fã de carne e agora é que vou ficar um tempo sem comprar mesmo. São muitas marcas envolvidas e, às vezes, você compra e não vê claro o nome da empresa”, afirmou. “É um absurdo, indiretamente eles são assassinos por fazerem isso. Eles brincam com a saúde dos outros”, criticou uma professora enquanto fazia as suas compras.

CARNE FRACA - A operação Carne Fraca investiga 30 empresas, incluindo fornecedoras de grandes frigoríficos. Suspeita-se que elas estavam envolvidas em organização criminosa formada por fiscais agropecuários federais e as próprias empresas que, entre outros atos ilícitos, colocam à venda nas gôndolas dos supermercados carnes podres maquiadas com ácido ascórbico, um produto potencialmente cancerígeno.