domingo, 9 de dezembro de 2018

“SE ERREI, ARCAREI JUNTO AO FISCO”: Bolsonaro diz que Cheque na Conta da Esposa era pagamento para Ele


O presidente eleito Jair Bolsonaro se defendeu na manhã de ontem, dia 8, de eventuais suspeitas no caso de Fabrício Queiroz, ex-assessor do deputado estadual Flávio Bolsonaro (PSL), filho do presidente e senador eleito. É que Queiroz apareceu em um relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) anexado à Operação Furna da Onça por ter movimentado R$ 1,2 milhão em um ano. Deste total, R$ 24 mil foram em cheques destinados a Michelle Bolsonaro, mulher do presidente eleito.

Bolsonaro reafirmou a explicação dada na sexta, de que se tratava do pagamento de empréstimos feitos por ele a Queiroz. E disse que pediu para o cheque ser destinado a sua mulher por ter dificuldade de ir ao banco. Ele lamentou o “constrangimento” que o caso trouxe a Michelle e se defendeu de qualquer ilegalidade. “Não botei na minha conta porque tenho dificuldade de ir ao banco, andar na rua. Foi por questão de mobilidade, ando atarefado o tempo todo para ir em banco. Pode considerar (como sendo) na minha conta. Deixei para minha esposa. Ninguém recebe ou dá dinheiro sujo por cheque nominal”, comentou.

Sobre o fato de não ter declarado o recebimento dos valores no imposto de renda, o Presidente Eleito disse que se dispõe a reconhecer e corrigir a questão. “Se errei, arco com minha responsabilidade perante o Fisco, não tem problema nenhum”, afirmou Bolsonaro, após acompanhar, na manhã de ontem, na Escola Naval, no Rio, a cerimônia de formatura de novos oficiais da Marinha. Ele disse que montante não foi declarado ao Imposto de Renda (IR) porque os repasses foram “se avolumando”. “O empréstimo foi se avolumando e eu não posso, de um ano para o outro, (colocar) mais R$ 10 mil, mais R$ 15 mil.”

Bolsonaro afirmou que é amigo de Queiroz desde 1984 e que já o havia “socorrido financeiramente” em outras oportunidades. Ele disse que os empréstimos recentes somaram R$ 40 mil, e que Queiroz o pagou com dez cheques de R$ 4 mil, cada. Bolsonaro disse que não conversou com Queiroz desde que o caso foi noticiado, e atribuiu o vazamento da informação de que o ex-assessor de seu filho fora citado pelo Coaf a advogados de deputados estaduais do Rio investigados na Furna da Onça: “Espero que ele (Queiroz) se explique. Não conversei com ele. Falei com meu filho. Meu filho não é investigado nessa operação. Quem vazou foram advogados de deputados investigados, ou até presos, para tentar desviar o foco da tensão deles para meu filho”, disse.

Sobre o fato de outros assessores do gabinete de Flávio Bolsonaro terem feito depósitos na conta de Queiroz, Bolsonaro disse achar normal. “Se você pegar o seu círculo, na imprensa, no quartel, no hospital... é normal, entre os funcionários, um ajudar o outro. Você se socorre de quem está do seu lado, é próximo.” O documento lista dados financeiros e patrimoniais de funcionários da Assembleia Legislativa do Rio, alvo da Operação Furna da Onça. Nela, foram presos dez deputados estaduais. Flávio Bolsonaro não foi alvo.

Bolsonaro também não considera um problema que a filha do policial militar, Nathalia, trabalhasse em seu gabinete em Brasília. De acordo com o Coaf, Nathalia repassou mais de R$ 84 mil ao pai no período pesquisado. Queiroz e a filha foram exonerados dia 15 de outubro, após o primeiro turno das eleições, porque “não estavam correspondendo”, disse o presidente eleito. Saiba mais sobre esse assunto clicando AQUI. (Com informações do Jornal do Commercio. CONFIRA)





RELATÓRIO - O relatório do Coaf, revelado pelo jornal O Estado de S. Paulo, aponta que o ex-assessor do deputado estadual Flávio Bolsonaro (PSL), senador eleito pelo Rio, recebeu depósitos em espécie e por meio de transferências de oito funcionários que já foram ou estão lotados no gabinete do parlamentar. De acordo com o documento, anexado às investigações da Operação Furna da Onça, o subtenente da Polícia Militar Fabrício José de Carlos Queiroz teve uma movimentação atípica de R$ 1,2 milhão de 01/01/2016 e 31/01/2017. Uma das filhas do PM, Nathalia Melo de Queiroz, estava lotada no gabinete de Flávio até dezembro de 2016, com salário de R$ 9.835,63. No período relatado pelo Coaf, fez depósitos que totalizaram R$ 84.110,04 e transferência de R$ 2.319,31. Depois que saiu do gabinete de Flávio, ela foi funcionário do presidente eleito Jair Bolsonaro na Câmara. Deixou o cargo no mesmo dia em que o pai pediu exoneração do gabinete de Flávio. A mulher de Queiroz, Marcia Oliveira de Aguiar, exerceu cargo de consultora parlamentar do gabinete de Flávio, com salário bruto de R$ 9.835,63, entre 02/03/07 e 01/09/17. Ao marido, o repasse em dinheiro foi de R$ 18.864,00, segundo o Coaf. Em transferências, o valor chegou a R$ 18,3 mil. Na lista, há ainda três funcionários que aparecerem na última folha de pagamento da Assembleia Legislativa do Rio disponibilizada no site da Casa, a de setembro deste ano. Queiroz recebeu de Raimunda Veras Magalhães R$ 4,6 mil. Ela aparece na folha da Alerj com salário líquido de R$ 5.124,62. Outro que ainda consta na folha é Jorge Luis de Souza, cujo salário líquido em setembro de 2016 foi de R$ 4.847,27. Segundo documento do Coaf, o depósito dele foi de R$ 3.140,00. Agostinho Moraes da Silva, que aparece com salário líquido de R$ 6.787,49, fez depósito de R$ 800.