Quatro parques de energia eólica
serão construídos em Pernambuco, na Serra das Vacas, próximo de Garanhuns. Os
projetos devem ficar prontos até janeiro de 2016 e foram contratados ontem
através do leilão de energia nova A-3, operado pela Câmara de Comercialização
de Energia Elétrica (CCEE). Os parques totalizam 120 MW (megawatts) de potência
instalada e R$ 500 milhões em investimentos, que serão realizados através do
consórcio formado entre a paulista PEC Energia e a Companhia Hidro Elétrica do
São Francisco (Chesf). A estatal, inclusive, tem sociedade em 38% dos 867,6 MW
comprados no certame, ao preço médio de R$ 124,43. O prazo dos contratos é de
20 anos e da concessão, de 35 anos. Dos 39 projetos aprovados, 20 estão no
Nordeste e 19 no Sul.
No leilão, saíram vencedoras quatro usinas de 30 MW que serão instaladas em uma
área de 1,5 mil hectares localizados em Paranatama, Iati e Saloá, municípios
que estão em uma região serrana próxima de Garanhuns. Segundo Gilberto Feldman,
diretor comercial da PEC Energia, trata-se da primeira fase do projeto que
somará mais de 3 mil hectares e um aporte de R$ 1 bilhão. “Uma pequena parte
está em terreno próprio. A maioria será arrendada de mais 100 famílias que
vivem da pecuária e terão agora essa renda extra pela instalação das torres”,
explica ele.
A empresa vem estudando a área há três anos. Neste ano, associou-se à Chesf
através de uma chamada pública realizada pela estatal. No mesmo leilão, a Chesf
conseguiu aprovar mais 38 MW na Bahia e outros 180 MW no Piauí, através de
consórcios com outras empresas, totalizando 338 MW. Em todos eles, a companhia
tem 49% de participação, segundo Manuel Andrade, assessor da superintendência
de projetos e construção de geração da estatal.
Desde 2010, a companhia vem investindo na fonte eólica e hoje já soma 971,6 MW
de potência instalada em execução. Isso já é mais ou menos a potência de uma
usina como Sobradinho, que tem 1.050 MW. “O potencial hídrico está cada vez
mais limitado. Já os custos da energia eólica se tornaram mais atrativos. Por isso, é onde a
Chesf está focando seus investimentos”, diz o assessor da estatal. A EletroSul
foi a segunda empresa com a maior participação, estando em 24% dos projetos
vencedores.
O leilão de ontem era destinado a energias limpas, mas apenas as fontes eólicas
saíram vitoriosa. “O governo fixou o teto em R$ 126, então o valor só era viável
para as eólicas, que já são a segunda fonte mais barata do país. A energia
solar teria entrado se esse limite tivesse sido de R$ 160”, comenta a
presidente executiva da Associação Brasileira de Energia Eólica (ABEEólica),
Elbia Melo. A eólica hoje representa 2,5% da capacidade de geração do País.