sábado, 23 de maio de 2020

INDÍCIOS DE IRREGULARIDADES EM PERNAMBUCO: Polícia Federal pede explicações sobre Compra de R$ 15 milhões em Equipamentos para combater Coronavírus pela PCR. Aquisição de 500 Respiradores também é Investigada pelo MPCO


A Polícia Federal em Pernambuco oficiou, ontem, dia 22, a Secretaria de Saúde da Prefeitura da Cidade do Recife (PCR) para que sejam apresentadas documentações sobre a aquisição de máscaras cirúrgicas, toucas, aventais descartáveis e cama hospitalar após dispensa de licitação que supera o valor de R$ 15 milhões. O pedido de esclarecimentos acontece um dia após o Ministério Público de Contas revelar que denunciou a Prefeitura do Recife por supostas irregularidades na compra de 500 respiradores.

Segundo levantamentos preliminares da Corregedoria Geral da União (CGU), o valor licitado é aproximadamente 53 vezes maior que o Capital Social da Empresa Contratada, gerando assim, dúvidas quanto a capacidade operacional de arcar com o contrato firmado. Policiais Federais também diligenciaram na sede da Empresa contratada a fim de verificar seu efetivo funcionamento e regularidade da entrega dos bens adquiridos.

Em resposta, a Secretaria de Saúde do Recife informou que não houve qualquer tipo de operação da Polícia Federal na sede da Prefeitura da Cidade do Recife (PCR), e confirmou que o ofício solicitando as informações sobre o combate ao Coronavírus foram protocolados nesta manhã. "A Secretaria esclarece que os contratos de fornecimento de camas, máscaras, aventais e toucas com a empresa Delta Med cumprem toda legislação e que os preços praticados estão de acordo com o mercado. A Empresa está fazendo as entregas conforme cronograma pactuado. As informações serão enviadas no prazo estabelecido no pedido de informações. Antes mesmo de receber o ofício, a Prefeitura já havia enviado desde abril, por decisão própria, os processos para o Tribunal de Contas do Estado, assim como está fazendo com todos os processos de aquisição da COVID-19", informou, em nota. 


Segundo a representação do MPCO, constam empenhos de R$ 22 milhões de reais para a empresa JUVANETE BARRETO FREIRE 57432449791, no Portal da Transparência do Recife, bem como três contratos já assinados, de 200, 100 e 200 respiradores, totalizando 500 unidades. O valor total dos três contratos já assinados com a Prefeitura é de R$ 11.550.000,00 (onze milhões quinhentos e cinqüenta mil reais), segundo o MPCO.

O procurador do MPCO que está analisando a denúncia da compra dos 500 respiradores com supostas irregularidades pela Prefeitura do Recife, Cristiano Pimentel, em entrevista exclusiva à Rádio Jornal nesta quinta-feira (21), informou que a loja da microempresária era "um pet shop de bairro não era grande". O Procurador informou que a exceção permitida para o faturamento de uma microempresa foi o que chamou a atenção para a investigação.

"Uma MEI que tem o limite de R$ 81 mil estar vendendo R$ 11 milhões em respiradores para a Prefeitura do Recife já disparou o nosso radar. Impressiona também a quantidade, porque todos sabemos as dificuldades que os governos estão tendo para obter os respiradores, o governo federal mandou menos de 100 para todo o Estado e como uma empresa tem 500 respiradores disponíveis para a Prefeitura do Recife?", questionou.

GOVERNO DO ESTADO NA MIRA DO MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL - O Ministério Público Federal em Pernambuco (MPF-PE), em representação encaminhada ao Procurador Geral da República, Augusto Aras,  assinada pela Procuradora da República, Silvia Regina Pontes Lopes, aponta uma série de indícios de inconstitucionalidades na Lei Complementar do Estado de Pernambuco nº 425, de 25 de março de 2020, alterada nos dias 17 de abril e 1º de maio, que dispõe sobre procedimentos para contratações destinadas ao fornecimento de bens, à prestação de serviços, à locação de bens e à execução de obras necessárias ao enfrentamento da emergência em saúde pública de importância internacional, decorrente do Coronavírus, no âmbito do Governo do Estado de Pernambuco. A informação foi veiculada no Blog da Noélia Brito.

Segundo a Procuradora, que atua no Núcleo de Combate à Corrupção do MPF em Pernambuco, o Órgão recebeu, recentemente, representação dos Procuradores de Contas do Ministério Público de Contas de Pernambuco, Cristiano da Paixão Pimentel e Germana Galvão Cavalcanti Laureano, cujo teor também aponta para a inconstitucionalidade formal e material de dispositivos da Lei Complementar Estadual nº 425/2020. O Governo do Estado ainda não se pronunciou sobre o assunto. (Com informações de Gabriela Carvalho/JC e do Blog de Noélia Brito)