Mais de um ano após a
divulgação do caso que ficou conhecido como 'dos Canibais', a dona de casa Cosma de Araújo Pereira cria a
filha de Jéssica Pereira, morta em 2008 pelo trio acusado de matar para comer
carne humana, e luta na Justiça para mudar o nome da criança como uma tentativa
de esquecer a tragédia. O suposto assassino de Jéssica, Jorge Negromonte
Silveira, registrou a menina como filha dele e colocou o sobrenome na certidão
de nascimento.
O Ministério Público deve
entrar na próxima semana com uma ação negatória de paternidade a pedido de
Cosma. Segundo o promotor Fabiano Saraiva, Jorge é considerado o pai da menina
porque a registrou e será necessário um exame de DNA para esclarecer o caso.
Segundo a família, quando a jovem foi sequestrada pelos acusados, a criança já
tinha um ano, por isso não existe a possibilidade dela ser filha do acusado.
“Será um processo delicado e
demorado. Não basta mudar o nome na certidão. Vamos precisar de um exame para
provar que ele não é o pai. O Jorge terá que aceitar fazer a prova e a criança
não terá mais o nome de um pai nos documentos, caso seja provado que ele não é
parente”, registra o promotor Fabiano Saraiva.
Saiba mais...
Jéssica Camila Pereira foi, possivelmente, a primeira
vítima dos canibais. Ela desapareceu com 17 anos, em 2008, e estava com a
filha, na época com um ano. A jovem foi atraída por uma falsa proposta de
emprego como babá. Em abril de 2012, a polícia descobriu o caso e o corpo de
Jéssica foi encontrado enterrado no quintal de uma casa em Olinda-PE. Além de
Jorge, Isabel Cristina da Silveira e Bruna Cristina Oliveira da Silva foram
presas.
A filha de Jéssica viveu todo esse período com os três e,
segundo a tia da vítima, presenciou toda a violência praticada por eles e comeu
a carne da própria mãe. No dia 20 de junho de 2012, a tia conseguiu a guarda
definitiva e a levou para a casa. De abril até junho, a criança permaneceu em
um abrigo.
De acordo com Cosma, a garota se lembra do trio e ainda
apresenta sinais de comportamento agressivo, além de dificuldade na
alimentação. “Eles criaram a menina com muita manha e violência. Ela lembra de
tudo e parece gostar do Jorge, mas não gosta das duas mulheres. Ela é
inteligente. Estou aos poucos conseguindo torná-la uma criança afetiva”.
Cosma vive em Igarassu-PE com a renda que recebe do
programa Bolsa Família e das doações da igreja evangélica que frequenta. A
menina deveria passar por um tratamento psicológico, mas Cosma já tem 64 anos e
diz não ter condições de saúde para levar a menina até o médico.
"PESSOAS
MÁS"- O trio teria ainda afirmado em depoimento à polícia
que usava parte dos corpos das vítimas para rechear
salgados, como coxinhas e empadas. A informação foi
confirmada pelo delegado responsável pelas investigações em Garanhuns, Weslei
Fernandes. O delegado contou que os criminosos escolhiam as mulheres que
acreditavam ser "pessoas más" para virarem suas vítimas.