A cidade de sepultamento do sanfoneiro, cantor e compositor Dominguinhos
ainda é incerta. O velório deve acontecer na cidade de São Paulo, onde ele
morava há mais de uma década e onde estava internado no Hospital Sírio-Libanês.
A ex-esposa Guadalupe Mendonça repassou para familiares que após o velório o
corpo deve ser trazido para o Recife. “O meu pai falava que tinha o desejo de
ser enterrado na terra dele, Garanhuns”, contou Mauro Moraes,
primogênito do músico.
Dominguinhos faleceu nesta terça-feira, por volta das 18h, no Hospital
Sírio-libanês. Ele foi hospitalizado no dia 17 de dezembro do ano passado. Após
sofrer várias paradas cardíacas, ele sofreu sérios danos neurológicos. Em
estado de consciência mínima, com o coma sendo considerado irreversível,
Dominguinhos sofreu várias infecções e problemas cardíacos. Com isso, ia e
volta da UTI.
A última ida a UTI foi na segunda-feira passada. Ele voltou para o
tratamento intensivo apenas dois dias depois de ter saído, já livre por conta
de uma arritmia e uma infecção urinária. Na segunda-feira, os médicos
detectaram uma infecção sanguínea. Dominguinhos não voltou mais.
Dominguinhos e Luiz Gonzaga
Dominguinhos sempre fez questão de se mostrar grato ao Rei do Baião. “Fui muito ajudado… Sabe uma coisa em que hoje em dia eu penso? O que deu certo na minha vida foi que nem Gonzaguinha tinha ciúme, nem Joquinha, nem Rosinha… a família do Gonzaga toda se tornou amiga”, contou Dominguinhos em entrevista ao Diario no dia 13 de dezembro de 2011.
Entre os conselhos do rei do Baião, o que provavelmente mudou a rota da
carreira artística de Dominguinhos foi o de cantar. “Ele foi um dos maiores
sanfoneiros do mundo. Mas ele disse que só venceu quando cantou.
Enquanto ele foi um grande solista de valsa, choro, tango, não conseguiu
muita coisa. Mas quando começou a cantar e gravar, tudo mudou. E esse conselho
ele me dava também. Por conta desses conselhos, comecei a cantar”, disse.
Dominguinhos se casou por duas vezes e teve três filhos. Madalena e Mauro, do primeiro casamento, e Liv Moraes, da união com a cantora Guadalupe Mendonça, que foi a única que seguiu os passos do pai. A filha mais velha morreu aos 49 anos, deixando dois filhos. Mauro, técnico de som, deu a Dominguinhos quatro netos e Liv Moraes, um.
Há mais de 30 anos o sanfoneiro fazia suas turnês viajando de carro. Tinha medo de avião. “Já tomei remédio, mas não adiantou. Fui até no médico, mas essa coisa de mexer com a cabeça é muito complicada”, contou o músico, que também tinha medo do mar e de florestas. “É um medo que se confunde com respeito”, ponderou.
Desde 2007 as sessões de quimioterapia era feitas a cada 20 dias, nas cidades por onde o músico passava para fazer shows. “Não sei como fui ter isso. Nunca fumei. Mas são coisas que acontecem e a gente não explica”, disse. (Com informações do DP)