sábado, 20 de julho de 2013

Peça “Gigantes da montanha” trará magia ao Festival



O espetáculo “Gigantes da montanha” estreou em maio deste ano em Belo Horizonte (MG), levando à rua a mistura cênica de teatro e música que caracteriza o trabalho do Grupo Galpão (MG), um dos mais aclamados do País. A peça é inspirada em texto homônimo, o último de Luigi Pirandello, que morreu antes de sua conclusão. Escrita em 1936, a obra traz a discussão sobre o mundo moderno, com suas práticas de mercado e seus valores monetários, através de uma fábula que chega ao FIG 2013 neste sábado, dia 20/7, às 19h, no pátio do Mosteiro de São Bento.

Quem conta como será a estreia da peça em Pernambuco é o ator e fundador do Grupo Galpão, Eduardo Moreira. Ele explica que o clima principal do espetáculo é baseado no mundo criado pelo italiano Luigi Pirandello, repleto de sonhos e de imaginação, governado por um mago chamado Cotrone. Certo dia, a vila governada por ele recebe a visita de uma companhia de teatro decadente da condessa Ilse, que quer apresentar a “Fábula do filho trocado” ao reino dos homens. Chateado pela recusa de ficar eternamente em seu reino, Cotrone sugere que eles encenem para os gigantes, seres que vivem nas montanhas e se dedicam ao trabalho. Um dos aspectos mais interessantes dessa peça é a intertextualidade de Pirandello consigo mesmo. O texto encenado pela companhia de Ilse é, na verdade, um conto escrito pelo próprio autor alguns anos antes.

O fim da peça não chegou a ser escrito por Pirandello, mas, em seu leito de morte, ele relatou ao filho como deveria ser o final. A versão que será apresentada pelo Grupo Galpão foi traduzida por Beti Rabetti, com dramaturgia de Eduardo Moreira e Gabriel Villela, que está em sua terceira parceria com a companhia. Como a obra é inacabada, eles partiram das sugestões registradas por Pirandello e condensaram na versão “à la Galpão”.

Essa é a primeira vez que o grupo se apresentará no Festival de Inverno de Garanhuns e a expectativa deles é de grande sucesso. O Grupo Galpão já é velho conhecido do Recife. Nos seus mais de 30 anos, a companhia já apresentou quase todo o seu repertório nos teatros e festivais da cidade. “Para nós, que temos essa arte de rua, Pernambuco e o Nordeste são celeiros muito importantes, nós nos sentimos muito estimulados em participar de um festival tão diversificado como o FIG”, diz Eduardo. “O pernambucano é um público sofisticado, que sabe apreciar a arte, e isso é um reflexo da sua formação cultural com uma cultura popular muito forte e mista”, opina.

Como o espetáculo acabou de estrear, seu repertório é completamente novo. São 12 atores em cena. Além de atuar, todos cantam e tocam, uma tradição do grupo. Apesar de eles “namorarem” a obra de Pirandello há tempos, esse é o primeiro texto do italiano que eles encenam. “Ele é um autor extremamente importante, reflete o tempo todo sobre o próprio trabalho, colocando o teatro em cena e questionando a função daquilo que ele produz para a sociedade”, analisa Eduardo. “Nosso trabalho também nos faz um pouco netos de Pirandello, ele era a síntese da mistura entre o popular e o erudito”. (Por Luíza Falcão/Fundarpe)