sábado, 20 de julho de 2013
I Encontro Internacional de Literatura Cartoneira é destaque da programação
Este ano, o lema que tomará conta da Praça da Palavra, o polo de literatura do Festival de Inverno de Garanhuns (FIG), é a de que “qualquer pessoa pode fundar um selo e criar livros artesanais”, como diz Wellington de Melo, coordenador de Literatura da Secult-PE/Fundarpe. A literatura cartoneira, movimento editorial poético, filosófico, político e cultural que nasceu na Argentina, em 2002, com a criação da Eloisa Cartonera, parte desse princípio. Ao utilizar papelão para a confecção das capas de livros, aliando literatura, artes plásticas e consciência ecológica, o movimento vai na contramão do mercado, atuando pela descentralização do comércio do livro.
Além de editoras independentes, os cartoneiros, ou “catadores”, como têm sido denominados aqui no Brasil, são coletivos com preocupação social e ecológica. Escritores e artistas juntam-se aos catadores de papelão para confeccionar livros, utilizando a matéria-prima dos catadores para as capas, a fim de valorizar o seu trabalho e desenvolver o seu potencial artístico. O papelão é comprado dos próprios catadores a preços menores do que os do mercado e, quando transformados em livros, são vendidos a valores módicos. O apurado, por sua vez, é distribuído entre escritores e catadores. O movimento iniciado na América Latina já se difundiu pela Europa e tem seus representantes brasileiros, incluindo de Garanhuns.
A edição do FIG do ano passado levou o coletivo paulista Dulcinéia Catadora para a Cidade das Flores, deixando como fruto de uma oficina o selo Severina Catadora. Durante a ação, os escritores do município, do coletivo u-Carbureto, se somaram à Associação dos Catadores de Papel, Papelão e Material Reciclável Nova Vida (Asnov), do bairro da Cohab III produzindo a publicação “Severina Catadora”, de mesmo nome do selo.
Este ano, o escritor Helder Herik e a catadora Núbia Bezerra, do selo Severina Catadora, estarão no I Encontro Internacional de Literatura Cartoneira, dias 25 e 26/7, junto a nomes de vários países: Nicolas Duracka (Cephisa Cartonera, França), Washington Cucurto (Eloísa Cartonera, Argentina), Daniela Elias (Babel Cartonnière, Bolívia), Amandine Cholez (Yiyi Jambo, França/Paraguai) e Juan Malebrán (Canita Cartonera, Chile).
Parte da programação, os cartoneiros também realizarão workshops de criação de livros artesanais durante o festival.
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Serviço:
I Encontro Internacional de Literatura Cartoneira
Dias 25 e 26 de julho, na Praça da Palavra, no FIG 2013
Aberto ao público
Programação:
25/7
10h – “Garanhuns, o mundo, papelão e literatura: o que é o movimento cartonero?”
Roda de diálogo e troca de experiências entre cartoneros
Com Nicolas Duracka (Cephisa Cartonera, França), Washington Cucurto (Eloísa Cartonera, Argentina), Daniela Elias (Babel Cartonnière, Bolívia), Amandine Cholez (Yiyi Jambo, França/Paraguai), Helder Herik e Núbia Bezerra (Severina Catadora, Brasil), Juan Malebrán (Canita Cartonera, Chile). Mediação: Andreia Joana Silva (Portugal)
19h – Cartoneros do mundo, avante!
Recital Cartonero. Leituras abertas e lançamentos de livros de editoras cartoneras
26/7
10h às 13h – Workshop de criação de livros artesanais (público infantil), com Andreia Joana
Silva (Portugal) e Nicolas Duracka (França)
10h às 13h – Workshop “Como fazer um livro com um pé nas costas”. Parte 1: Fast writing -
workshop de escrita criativa, com Andreia Joana Silva (Portugal)
15h às 18h – Workshop “Como fazer um livro com uma perna nas costas”. Parte 2: Imprimindo, encadernando e pintando capas, com Andreia Joana Silva (Portugal)
16h às 18h – Workshop de criação de livros artesanais (público adulto), com Andreia Joana Silva (Portugal) e Nicolas Duracka (França)
19h às 20h30 – Troca de experiências entre cartoneros: exibição de documentário sobre
democratização do objeto livro e conversa com cartoneiros. (Fundarpe)