O escritor paraibano Ariano Suassuna morreu aos 87
anos na tarde desta quarta, dia 23, após uma parada cardíaca provocada por
hipertensão intracraniana. Na sexta-feira, dia 18, ele realizou a última
aula-espetáculo e abriu as ações cênicas a um público que lotou o Teatro Luís
Souto Dourado, durante o 24º Festival de Inverno de Garanhuns (FIG. A peça fez
honras ao poeta Capiba e contava com artistas do Grupo Arraial. Em todos os 17
polos do evento, que segue até o sábado, dia 26, a Secretaria de Cultura
(Secult-PE) pedirá salva de palmas ao mestre.
Por meio da assessoria de imprensa, a Secult-PE lembra
que na apresentação ele "falou sobre o poeta e jurista Tobias Barreto, nas
palavras dele, um 'negro, pobre e feio' que, apesar de aprovado em diversos
concursos públicos, não era nomeado para o cargo; citou Camões para ressaltar a
beleza da língua portuguesa; lembrou-se do Google, do Twitter e reproduziu
piada da internet sobre a derrota do Brasil para a Alemanha na Copa do Mundo;
pregou a liberdade e a justiça na busca de uma sociedade ideal, criticou o
Super-Homem, 'o cristo americano'".
A data é marcante para os pernambucanos, principalmente
para quem é de Garanhuns. Nesta quarta se completa exatamente um ano que
Dominguinhos morreu, no Hospital Sírio Libanês, em São Paulo. O Cantor e
compositor faleceu em decorrência de complicações infecciosas e
cardíacas, após lutar durante seis anos contra um câncer de pulmão. Os restos
mortais dele estão sepultados no Cemitério São Miguel.
Ariano Suassuna será sepultado no mesmo cemitério Morada
da Paz, em Paulista, hoje, dia 24, depois de velório no Palácio do Campo das
Princesas, no Recife.
LUTO OFICIAL –
O Prefeito de Garanhuns, Izaías Régis, decretou três dias de luto oficial,
assim como o Governo João Lyra Neto. "Numa triste coincidência, Ariano se
foi no mesmo dia que, no ano passado, sofríamos com a perda do Mestre
Dominguinhos, em pleno Festival de Inverno de Garanhuns. Dois grandes artistas
que levaram a cultura popular e as histórias do Nordeste para o mundo",
declarou Régis em nota.
O secretário de Cultura do Estado, Marcelo Canuto, e o
presidente da Fundarpe, Severino Pessoa, afirmaram que "o Brasil perdeu o
maior defensor de sua cultura popular. Mais que um criador de um movimento
cultural, que batizou de Armorial, Ariano foi a própria síntese do que a gente
chama de Cultura Brasileira, em suas mais diversas expressões: a música, o
teatro, a literatura, as artes visuais, o cinema, o artesanato e
arquitetura". Ainda para Canuto e Pessoa, "a obra de Ariano deve
agora ser preservada por todos e difundida para que, como fez com suas aulas,
seja aprendida e discutida, sirva sempre de inspiração e desafio para as novas
gerações".
O governador João Lyra Neto lembrou que, neste mês, o País
perde vários ícones da arte e da cultura. "É um dia muito triste para
todos nós, pernambucanos, nordestinos e brasileiros, uma perda inestimável para
nossa literatura e nossa cultura, que nesta mesma semana já havia sofrido as
ausências de João Ubaldo Ribeiro e Rubem Alves, e ainda neste mês a perda de
Ivan Junqueira".
A presidente
Dilma Rousseff recordou momentos com o dramaturgo a e ressaltou que ele
"foi capaz de traduzir a alma, a tradição e as contradições nordestinas em
livros como 'Auto da Compadecida' e 'Romance d'A Pedra do Reino' e o 'Príncipe
do Sangue do Vai-e-Volta'". E completou: "a obra de Suassuna é
essencial para a compreensão do Brasil". (Com informações de Jael Soares, do G1 Caruaru)