Confira a
entrevista exclusiva do Portal G1:
“O G1 conversou com o lajedense Ivo Tinô do Amaral,
de 80 anos, ex-prefeito de Garanhuns e um dos criadores do Festival de Inverno
(FIG). Nesta 24ª Edição ele é homenageado e conta alguns detalhes de como
idealizou o evento ao lado do amigo e jornalista Marcílio Reinaux, além de
recordar artistas e públicos dos primeiros anos.
Ivo Amaral fala que, apesar de surpreso com a homenagem,
já estava contente com os resultados do FIG. "Tanto eu como Marcílio Reinaux
já nos considerávamos homenageados pela dimensão que o Festival tomou". A
paixão e carinho pelo evento é tamanha que ele não se sente mais um entre meio
milhão de pessoas esperadas nos polos. Como "um dos pais da criança",
não hesita em dizer que "nós podemos melhorar mais ainda". Confira a
seguir, em tópicos, os depoimentos e apontamentos feitor por Ivo Amaral.
CRIAÇÃO - Marcílio Reinaux participou de um Festival
de Inverno em São Cristóvão, em Sergipe, e depois em Campos do Jordão (SP) e me
disse que caberia um festival semelhante em Garanhuns, na temporada mais fria,
que é de julho a agosto. Pensamos para julho, mas meu mandato terminou em 1981
e não levamos a ideia à frente. Naquela época não tinha reeleição, mas voltei
dez anos depois. Foi quando chamei Marcílio, ele me deu todos os dados e
elaboramos um anteprojeto. E fomos em uma comitiva para apresentar ao
governador Joaquim Francisco. Dissemos que já havíamos nos reunido com
empresários e pessoas interessadas e queríamos saber se o estado poderia
participar. Ele comprou a ideia e disse, com aquele jeito engraçado: "Vai
ser bom não só pra Garanhuns, mas também pra Pernambuco".
PRIMEIRAS EDIÇÕES
- Rubinho Valença era presidente da
Fundarpe [Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco] e é daqui
do Agreste Meridional, de São Bento do Una, e tem raízes em Garanhuns. Ele conhecia bem e então nós elaboramos
o Festival entre fevereiro e março de 1991. O FIG teve 15 dias [com shows,
oficinas, danças, artesanato e artes plásticas], mas verificamos que era muito
longo e os empresários não acreditavam tanto. Porém, chegamos à conclusão de
que deveríamos fazer o segundo, pois o povo aceitou, os empresários começaram a
se interessar e investir mais.
CRESCIMENTO - Tivemos públicos razoáveis na primeira
edição, com aproximadamente 5.000 pessoas, com shows de Dominguinhos, que está
sepultado aqui [em Garanhuns],
e Alceu Valença e Zé Ramalho, que voltam neste ano. Já do segundo, nós
imaginamos que o FIG estava consolidado, era um evento que veio para ficar. E
tivemos um público grande, de umas 10.000 pessoas em shows. Participaram
Dominguinhos, Reginaldo Rossi e Cássia Eller. E, com o decorrer do tempo, o
evento foi se agigantando e ganhando polos, como o Pau Pombo, o Parque
Euclides, a Catedral de Santo Antônio e ações de cultura popular na Avenida
Santo Antônio. Hoje são 24 edições e, em meados, ganhamos circo, cinema e
teatro, sempre com a parceria entre prefeitura e governo do estado.
FIG 2014 E
HOMENAGEM - Sempre esteve certo que
30 dias antes do Festival, a programação deveria sair. Mas houve dificuldades
financeiras e também por conta da Copa do Mundo. Até o São João de Caruaru não
foi tão bom. A nossa programação não está como imaginávamos, mas o FIG está tão
consolidado que o povo nordestino vem. Porque o FIG é multicultural e cada polo
tem um público. Há até pessoas que nem vão ao palco principal, ficam apenas nos
outros. E nesse ano, fui surpreendido pela homenagem, mas tanto eu como
Marcílio Reinaux já nos considerávamos homenageados pela dimensão que o
festival tomou. Todo ano ele vem e sai comigo pelos polos. Acompanho tudo e,
como um dos pais da criança, fico gratificado, alegre, vaidoso.
MELHORIAS - Nós podemos melhorar mais ainda. É uma
questão política, da prefeitura e do governo do estado. Nós temos muitos passos
a dar, ter melhorias na estrutura da cidade e continuar a ter o apoio do
estado. E a gente precisa valorizar mais os artistas do Agreste Meridional. E
de Garanhuns e de Pernambuco todo. Nós temos artistas muito bons”. (Do
G1 Caruaru)