quarta-feira, 26 de outubro de 2016

JULGAMENTO DA MORTE DO PROMOTOR - Polícia Federal confirma versão de Noiva da Vítima


A perícia em 3D realizada pela Polícia Federal (PF), em 2014, confirma a versão apresentada pela advogada Mysheva Martins para a morte do promotor Thiago Faria Soares. O crime aconteceu em outubro de 2013, na estrada que liga os municípios de Águas Belas e Itaíba. O depoimento foi do perito federal Carlos Eduardo Palhares Machado, que conduziu o trabalho, feito com o auxílio de drones, simulações e de um sofisticado software para análise dos dados.

Palhares falou no segundo dia do julgamento de três dos cinco acusados pela morte de Thiago: José Maria Pedro Rosendo, Adeildo Ferreira dos Santos e José Marisvaldo Vitor da Silva. Os outros dois acusados são José Maria Cavalcante, que será julgado em dezembro, e Antônio Cavalcante, que está foragido. O júri popular acontece na sede da Justiça Federal, no bairro do Jiquiá, Zona Oeste do Recife. A conclusão da PF contraria a perícia feita pela Polícia Civil antes da federalização do caso, em abril de 2014.

A primeira versão sustentava que Thiago tinha sido morto pelo primeiro disparo de espingarda calibre 12. Isso colocava em xeque o depoimento de Mysheva, segundo o qual o promotor ainda teria conseguido parar o carro antes de ser atingido por outros disparos. O trabalho conduzido pela Polícia Federal reforça a versão da noiva da Vítima.

O advogado Leandro Ubirajara (imagem ao lado), que defende o pai - José Maria Pedro Rosendo, acusado pelo Ministério Público Federal de ser o mandante do crime -, afirmou que a defesa vai insistir na negativa de autoria do crime. "O processo é falho. Vamos mostrar que as perícias não batem com a versão de Mysheva." O dia de ontem foi reservado também para as ouvidas de cinco testemunhas, entre elas, o cunhado de José Maria, o professor Carlos Ubirajara. Os assistentes de acusação alegaram contradições na fala dele e pediram para que fosse instaurado inquérito criminal por falso testemunho. A decisão será tomada pelos jurados, nas alegações finais. Outras quatro testemunhas também foram ouvidas, como o pai e o irmão de Adeildo dos Santos, um dos acusados.

Antes de a sessão começar, o promotor André Rabelo, que acompanha o julgamento, afirmou que o Ministério Público temia pela vida de Thiago ao saber que ele tinha intercedido junto à Justiça do Trabalho para agilizar o processo de aquisição da Fazenda Nova por Mysheva Martins. Foi esse o motivo da remoção compulsória do promotor, de Águas Belas para Jupi, também no Agreste. "Houve um comportamento inadequado, não podemos negar. Mas o que aconteceu não foi por falta de providências e cuidados do Ministério Público. Thiago infelizmente pagou com a vida, e a instituição não vai deixar o nome dele ser denegrido", disse, numa referência ao depoimento onde Mysheva confirma a interferência do promotor no impasse judicial sobre a compra de 25 hectares da Fazenda Nova, em Águas Belas.

ENTENDA O CASO - O crime ocorreu em 14 de outubro de 2013. O promotor Thiago Faria Soares foi morto quando seguia de Águas Belas para Itaíba, cidade onde trabalhava. Mysheva Freire Ferrão Martins, noiva do promotor na época, e Adautivo Martins, tio dela, também estavam no mesmo veículo, mas não foram atingidos pelos disparos.

A motivação, segundo a PF, envolveu uma disputa pelas terras da Fazenda Nova. O fazendeiro José Maria Barbosa perdeu a posse para a noiva do Promotor, em um leilão da Justiça Federal, e teve que deixar o imóvel. Em entrevista exclusiva à TV Globo, na época do crime, o Fazendeiro negou ter cometido o homicídio. A investigação do homicídio foi transferida para a Polícia Federal em 13 de agosto de 2014, a pedido do Procurador-Geral da República, Rodrigo Janot. (Com informações e imagens do Jornal do Commercio. CONFIRA)