domingo, 16 de outubro de 2016

GARANHUNS: Cegos participam de projeto de Educação Ambiental Inclusiva


É comum ouvir pessoas dizerem que, ao perder um dos sentidos, os outros se tornam mais aguçados. Para a professora Lenice Couto, que há 10 anos trabalha como gestora do Centro de Apoio Pedagógico à Pessoa com Deficiência Visual (CAP), vinculado à Secretaria de Educação de Garanhuns, não é bem assim. Ela descobriu, aos 6 anos de idade, que tinha retinose pigmentar. Por causa da doença hereditária, ela perdeu completamente a visão aos 24 anos. Para Lenice, os cegos experienciam as coisas como qualquer pessoa com ou sem deficiência. O que muda, na verdade, é a forma como o deficiente sente aquilo que o rodeia.

Com a finalidade de estimular os sentidos de deficientes visuais por meio do contato direto com a natureza, a Secretaria de Meio Ambiente e Recursos Hídricos de Garanhuns criou o projeto Educação Ambiental Inclusiva. Na ação, deficientes visuais são levados à sementeira municipal, localizada na comunidade da Várzea (imagem ao lado), onde participam de uma trilha. Lá, explorem a audição, o olfato e o tato. Com pouco mais de dois hectares de terra, a sementeira produz, mensalmente, 20 mil mudas de mais de 80 espécies nativas. A visita proporciona uma espécie de viagem de sentimentos entre o som da queda d´água e as texturas dos galhos das árvores, por exemplo, promovendo a inclusão social por meio do contato com o meio ambiente. ´

Lenice Couto (na imagem ao lado do Prefeito Izaías Régis) explica que sempre se sentiu muito ligada à natureza e que uma das imagens mais marcantes do tempo em que tinha visão era o voo dos pássaros. 

"Para mim, isso sempre inspirou liberdade, que é o que tento alcançar na vida e no meu trabalho no CAP. Sempre repito que a visibilidade tem que ser na pessoa e não na deficiência. A natureza nos ensina liberdade e a visita sensorial ajuda muito nesse sentido", opina Lenice.

Segundo Renato Mattos (imagem ao lado), secretário de Meio Ambiente e Recursos Hídricos de Garanhuns, as visitas à sementeira acontecem regularmente, mas a ideia de estimular a prática entre pessoas com deficiência visual surgiu de uma série de ações da cidade em prol da acessibilidade. A visita também tem foco na audição, por meio do som da água da nascente do Rio Mundaú e outros movimentos da natureza. A expectativa é de que, em novembro próximo, seja realizada mais uma visita sensorial. (Com informações do Jornal do Commercio. CONFIRA)