É comum ouvir pessoas dizerem
que, ao perder um dos sentidos, os outros se tornam mais aguçados. Para a
professora Lenice Couto, que há 10 anos trabalha como gestora do Centro de
Apoio Pedagógico à Pessoa com Deficiência Visual (CAP), vinculado à Secretaria
de Educação de Garanhuns, não é bem assim. Ela descobriu, aos 6 anos de idade,
que tinha retinose pigmentar. Por causa da doença hereditária, ela perdeu
completamente a visão aos 24 anos. Para Lenice, os cegos experienciam as coisas
como qualquer pessoa com ou sem deficiência. O que muda, na verdade, é a forma
como o deficiente sente aquilo que o rodeia.
Com a finalidade de estimular
os sentidos de deficientes visuais por meio do contato direto com a natureza, a
Secretaria de Meio Ambiente e Recursos Hídricos de Garanhuns criou o projeto
Educação Ambiental Inclusiva. Na ação, deficientes visuais são levados à
sementeira municipal, localizada na comunidade da Várzea (imagem ao lado), onde participam de
uma trilha. Lá, explorem a audição, o olfato e o tato. Com pouco mais de dois
hectares de terra, a sementeira produz, mensalmente, 20 mil mudas de mais de 80
espécies nativas. A visita proporciona uma espécie de viagem de sentimentos
entre o som da queda d´água e as texturas dos galhos das árvores, por exemplo,
promovendo a inclusão social por meio do contato com o meio ambiente. ´
Lenice Couto (na imagem ao lado do Prefeito Izaías Régis) explica que
sempre se sentiu muito ligada à natureza e que uma das imagens mais marcantes
do tempo em que tinha visão era o voo dos pássaros.
"Para mim, isso sempre
inspirou liberdade, que é o que tento alcançar na vida e no meu trabalho no
CAP. Sempre repito que a visibilidade tem que ser na pessoa e não na
deficiência. A natureza nos ensina liberdade e a visita sensorial ajuda muito
nesse sentido", opina Lenice.
Segundo Renato Mattos (imagem ao lado),
secretário de Meio Ambiente e Recursos Hídricos de Garanhuns, as visitas à
sementeira acontecem regularmente, mas a ideia de estimular a prática entre
pessoas com deficiência visual surgiu de uma série de ações da cidade em prol
da acessibilidade. A visita também tem foco na audição, por meio do som da água
da nascente do Rio Mundaú e outros movimentos da natureza. A expectativa é de
que, em novembro próximo, seja realizada mais uma visita sensorial. (Com informações do Jornal do Commercio.
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