Durante quatro anos, um cartel
formado por empresas laranjas drenou recursos de dez Prefeituras do Interior, sendo
quatro aqui do Agreste Meridional. O suposto esquema criminoso foi exposto,
ontem, dia 15, pela Polícia Federal, após investigação que durou oito meses.
Batizada de Cosa Nostra, a operação revelou desvio de verba pública e fraude em
licitações, de saúde à terraplenagem.
Desde 2013, início dos últimos
mandatos municipais, o esquema foi montado e funcionou, principalmente, em
Agrestina, se estendendo para outras cidades na sequência. Estima-se que os contratos
firmados entre as empresas e as prefeituras somem mais de R$ 100 milhões.
Apesar do estágio avançado da apuração, a Justiça Federal negou todos os
pedidos de prisão feitos pela PF e somente oito pessoas foram indiciadas. Elas
são suspeitas de participação nos crimes de responsabilidade fiscal, corrupção
ativa e passiva e fraude em contratação.
O superintendente da PF,
Marcello Diniz Cordeiro, apresentou os resultados da ação, que deve ter
desdobramentos. A investigação aponta que existem dois cabeças no caso: o
prefeito de Agrestina, Thiago Lucena (PMDB), e seu secretário de articulação
política, Márcio Avelar Pimentel. O ponto que desfiou o novelo da investigação
foi a denúncia de um vereador de um dos Municípios investigados, mesmo o
Tribunal de Contas do Estado tendo feito uma auditoria nas contas da Prefeitura
de Agrestina.
Na prática, o processo fraudulento envolveu seis empresas,
registradas no nome de parentes ou pessoas próximas do secretário de Agrestina.
Chamou atenção, para a PF, o fato de empresas que prestavam serviços para a
prefeitura terem sido abertas justamente após a posse do Prefeito e vencerem
licitações 15 dias após a posse. Uma delas, inclusive, tinha apenas um
funcionário, filho do secretário e chefe do gabinete do prefeito, e não teria
capacidade técnica para prestar o serviço de locação de equipamentos e
transporte escolar. "Há uma mescla nas atividades", explicou o
superintendente da PF. Segundo ele, algumas companhias cumpriram o trabalho ao
qual se propuseram, mas não na escala em que foram contratadas. Uma delas, por
exemplo, havia assinado licitação para transporte escolar, mas os veículos não
tinham sequer registro no Detran.
Os mandados de busca e
apreensão foram cumpridos em Agrestina, Caruaru, Garanhuns e São João. Os três
últimos municípios não fazem parte do suposto esquema: são locais de moradia de
integrantes do cartel e de sedes de empresas. (Com informações e imagens do Jornal do Commercio. CONFIRA)