quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015

UM TRIBUTO AO COLÉGIO DIOCESANO DE GARANHUNS


“Em 12 de outubro deste ano o ‘Gigante da Praça da Bandeira’, o Colégio Diocesano de Garanhuns, comemora seu centenário. Faz parte de um remanescente e seleto grupo de instituições de ensino que visa o conhecimento aliado à formação integral do aluno: humana, cívica e, por sua origem, religiosa.

Fundado em 1915, antes da instalação da Diocese de Garanhuns em 1918, fez história através dos seus sete diretores, centenas de professores, colaboradores e milhares de alunos. Entre esses, um destaque especial ao Monsenhor Adelmar da Mota Valença, o mais longevo diretor, que marcou época pelo seu carisma e compromisso social, autoridade moral e ética perante sua comunidade e, principalmente, diante dos alunos internos e externos e ícones do magistério que são lembrados até hoje: Levino Epaminondas de França, Almira Valença, Maria José Ferreira, Walderedo. Instrutores: Carlos Lins, Fernando Berenguer, José Luiz (Juca), Adelson Borges e João de Barros, dentre tantos outros marcados pela dedicação.

O Diocesano pontificou durante esses 100 anos em uma das cidades mais agradáveis de Pernambuco, não só pelo excelente clima, como também pelo seu povo acolhedor, que recebeu milhares de estudantes de outras localidades. Poderíamos, assim, dizer que Garanhuns não é só a ‘Suíça Pernambucana’, mas também a nossa ‘Coimbra’.

Durante mais de 50, o Colégio Diocesano de Garanhuns, chamado carinhosamente de Diocesano, manteve o sistema de internato. Ora, alunos para quem os pais buscavam um melhor ensino para os filhos. Ora, alunos cujos pais já tinham esgotado as possibilidades da boa convivência com os livros e a disciplina (até hoje não sei onde me classificaram). Vinham alunos de várias partes de Pernambuco e Estados vizinhos e de diversas camadas sociais e econômicas. Conviviam diuturnamente, dormindo em três grandes dormitórios, tomando café da manhã com o velho e conhecido mungunzá, assistindo às aulas, almoçando, fazendo bancas de estudos, jantando, eventualmente em pé, pagando castigo e recreando na área e na quadra. Eram, aproximadamente, 200, filhos de comerciantes, comerciários, industriais, operários, governador e outros servidores públicos, índios, profissionais liberais, parlamentares, trabalhadores rurais, agricultores, jornalistas, juízes, promotores e apenados. Esses, os de que me lembro. Era uma vivência e convivência educadora para a vida. Muitas histórias, parcerias e amizades foram consolidadas por aqueles que tiveram oportunidade de participar dessa grande ‘aventura’, tornando-se melhores.

Por se tratar de uma das poucas instituições culturais centenárias do Estado, e com grandes serviços prestados à educação, está sendo preparada uma grande mobilização, por parte do próprio Colégio Diocesano de Garanhuns, à frente seu diretor prof. Albérico Fernandes, e pela sua Associação dos Ex-alunos, com o advogado Thompson Pedrosa, o desembargador Reginaldo Valença, além da Prefeitura de Garanhuns, para receber de várias partes de Pernambuco e de outros Estados seus ex-alunos e familiares para comemorar seu Centenário.

A repercussão do Diocesano em nossa Região foi exponencial. Durante esses 100 anos, considerando que a educação, como política pública, não foi prioridade no País, a participação das ordens religiosas assumiu dimensões gigantescas, minimizando a ausência estatal. Essas escolas mantiveram o ideal da educação e da formação integral de parte da juventude, formando uma bela salada social, cultural e econômica. Por tudo isso, vida longa ao nosso ‘Gynnasio’ de Garanhuns. E aos que por lá passaram, lembramos que 12 de outubro de 2015 será memorável, será o dia do grande reencontro”. 

(Por Silvio Amorim, que é advogado do IAHGP e foi aluno interno do Colégio Diocesano de Garanhuns. Publicado originalmente na Opinião JC, de 14/02/2015).