quarta-feira, 20 de abril de 2016

Se Dilma sair, STF poderá tirar Cunha da Linha Sucessória


O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), afirmou nessa terça-feira, dia 19, que a Corte poderá analisar se o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), deverá ser retirado da linha sucessória da Presidência da República caso Dilma Rousseff sofra impeachment. Segundo na linha sucessória presidencial, o parlamentar é réu na Lava Jato, o que o impede de assumir o cargo máximo do Poder Executivo.

Gilmar Mendes também mencionou esta hipótese na segunda-feira, em entrevista ao programa Roda Viva, da TV Cultura. Segundo esta tese, Cunha poderia continuar como presidente da Câmara, mas não poderia assumir a presidência da República. "O que eu disse foi à questão da possibilidade de Cunha assumir ou não em substituição", explicou. "Se for controvertido, (o caso) vai acabar chegando aqui (ao STF)."

A Constituição fala que o presidente da República ficará suspenso de suas funções quando o Senado receber denúncia sobre crimes de responsabilidade ou quando o STF receber denúncia sobre infrações penais comuns. "Teria que saber se isso seria aplicado e como seria a eventual substituição", disse o Ministro.

Em março, Cunha passou a ser o primeiro réu da Lava Jato no Supremo depois que os ministros aceitaram a denúncia do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, contra ele em um dos três inquéritos pelo qual é investigado. Cunha foi acusado formalmente de receber propina de US$ 5 milhões no esquema de corrupção na Petrobrás. Os valores seriam referentes a contratos de aluguel de navios-sonda firmados pela Diretoria Internacional da estatal, que era considerada cota do PMDB no esquema de corrupção.

O Ministério Público Federal também apura se o presidente da Câmara e seus familiares mantiveram contas ilícitas na Suíça que teriam sigo irrigadas com dinheiro desviado da petroleira, além do recebimento ilegal de R$ 52 milhões em obras do Porto Maravilha, no Rio de Janeiro. 

AFASTAMENTO - No fim do ano passado, Janot também pediu ao STF que Cunha seja afastado do cargo de deputado ou que pelo menos ele seja licenciado da presidência da Câmara. O pedido, no entanto, ainda não foi analisado pela Corte. O ministro Teori Zavascki, relator do pedido, afirmou nesta terça que não há prazo para que o caso seja julgado. "Estou examinando", afirmou. 

"Teori até hoje não trouxe porque não vislumbrou os pressupostos para isso", disse Gilmar. A avaliação corrente em mais de um gabinete no STF é de que a peça apresentada pela PGR é frágil. Na visão de um integrante do tribunal, é mais interessante para a Corte manter a ameaça do afastamento sobre o presidente da Câmara do que correr o risco de derrubar o pedido de Janot em plenário. (Com informações do Estadão Conteúdo)