Essa é destaque no Jornal do Commercio:
“Após quatro meses de
investigações, a Procuradoria-Geral de Justiça denunciou o promotor de
Execuções Penais, Marcellus Ugiette pela acusação de corrupção passiva. Outras
19 pessoas de uma mesma quadrilha, entre elas dois advogados e um ex-policial
militar, vão responder pelos crimes de organização criminosa e estelionato.
Ontem à tarde, o desembargador Antônio de Melo e Lima, da 2ª Vara Criminal do
Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE), determinou a quebra do sigilo do
processo.
Os 20 réus foram alvos da
Operação Ponto Cego, deflagrada pela Polícia Civil, em 3 de agosto, para cumprir
19 mandados de prisão. O objetivo era desarticular a quadrilha suspeita de
crimes como estelionato, corrupção ativa, corrupção passiva, lavagem de
capital, advocacia administrativa e furto qualificado. No mesmo dia, mandados
de busca e apreensão foram cumpridos na casa de Ugiette e nas duas promotorias
que estavam sob sua responsabilidade.
De acordo com as
investigações, Ugiette teria interferido para que membros da quadrilha que já
estavam presos fossem transferidos para o mesmo presídio. Para a Polícia, o
objetivo do grupo era continuar a prática de crimes. Em troca da suposta
interferência, o Promotor teria recebido dinheiro e presentes. Há um mês ele
está afastado das funções, por determinação da Corregedoria do Ministério
Público. O advogado de defesa, Emerson Leônidas, confirmou que Ugiette foi
denunciado pelo crime de corrupção passiva, mas, segundo ele, por outro motivo.
“Foi por causa de um empréstimo pelo qual ele pagou mais de R$ 1 mil. Essa foi
uma justificativa para a sociedade, já que não puderam provar que ele
participou de qualquer organização criminosa. Disso, ele foi inocentado.”
Relatório da Polícia Civil
enviado em maio ao TJPE classificou o promotor como “braço forte” de grupos
criminosos. Ugiette teria sido citado em escutas telefônicas pelo apelido de
Anjo. Como tem foro privilegiado, foi investigado pelo Grupo de Apoio
Especializado de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do MPPE. Em depoimento,
que durou mais de dez horas, negou as acusações e disse que nunca favoreceu
presos. Ugiette também responde a processo administrativo. Indícios de
irregularidades em processos que estavam sob sua responsabilidade foram
detectados e passam por análise da Corregedoria do MPPE. Um deles se refere a
um homicídio duplamente qualificado, que estava na promotoria desde 31 de maio
de 1999. Após 19 anos, a documentação não havia sido devolvida à Vara
competente para que o Magistrado desse andamento ao caso. A Corregedoria também
verificou que vários processos estão com prazos extrapolados.
Na última segunda-feira,
quatro promotores de Justiça começaram a atuar, nas duas Varas que estavam sob
a responsabilidade de Ugiette. Euclides Rodrigues de Souza Júnior e Clóvis
Alves Araújo assumiram a 54ª Promotoria de Justiça Criminal da Capital. A
portaria determinou que eles atuem até o dia 30 deste mês. Já os promotores
Fernando Falcão Ferraz Filho e Francisco das Chagas Santos Júnior ficaram
responsáveis pela 19ª Promotoria. Eles devem atuar até 31 de março de 2019,
conforme determina a portaria”. (Com
informações do Jornal do Commercio de 05/09/2018)