O Brasil desponta entre os
países que mais elevam a taxa de inatividade física no mundo. A inércia em
ascensão também é uma realidade na Alemanha, Nova Zelândia, Estados Unidos e
Argentina. O achado está na primeira pesquisa que estima tendências globais de
atividade física ao longo do tempo. O estudo, feito por pesquisadores da
Organização Mundial da Saúde (OMS), acaba de ser publicado na revista
científica The Lancet Global Health e traz conclusões que preocupam porque a
falta de atividade física coloca as pessoas em maior risco de desenvolvimento
de doenças cardiovasculares, diabetes tipo 2, alguns tipos de câncer e de
demência.
Outro detalhe é que, se o
panorama persistir, a meta global da OMS, de 10% de redução da inatividade
física, não será atingida até 2025. “É preciso entender que exercício (aquele
programado, feito em hora determinada e lugar específico) e atividade física
são duas coisas diferentes. A ciência mostra que não precisamos ter um rigor
imenso na prática de atividades. Quando se troca o elevador pela escada e o
carro por uma caminhada para ir à padaria, já aumentamos o nível de atividade
física”, destaca a pesquisadora Jessyka Barbosa, que estuda os efeitos da
atividade física para pessoas com diabetes e hipertensão.
Doutoranda em Saúde Pública
pela Fiocruz Pernambuco, ela comenta que os resultados da pesquisa publicada no
The Lancet Global Health também trazem à tona discussões sobre fatores
socioculturais que impulsionam a inércia no Brasil. “Muitas vezes, optamos pelo
uso do transporte particular porque queremos nos sentir seguros (na rua e no
trânsito). Nesse sentido, consideramos que boa parte da população trabalha oito
horas por dia e perde de uma a duas horas no trânsito. Ao chegarem em casa,
geralmente cansadas, as pessoas não se sentem estimuladas para realização de
atividade física”, diz Jessyka, ressaltando que a falta da adoção de um estilo
de vida saudável está conectada (também) com problemas sociais, políticos e
culturais.
É urgente a necessidade de os
governos fornecerem e manterem infraestrutura capaz de estimular o corpo a se
manter em movimento. Mas também podemos fazer a nossa parte, com ações simples
que expulsam o comportamento sedentário do dia a dia. “A cada hora, uma pessoa
que trabalha sentada pode se levantar, caminhar de dois a três minutos e voltar
para a frente do computador. Isso quebra o repouso e ajuda a reduzir o risco de
desenvolvimento de doenças”, conclui Jessyka Barbosa. (Com informações e arte do Jornal do
Commercio. CONFIRA)