Confira o editorial de hoje,
dia 24/06/2019, da Coluna Fogo Cruzado, assinada pelo Jornalista Inaldo Sampaio:
“Ambos tinham “Henrique”
no pré-nome e eram da mesma geração. O mais velho, Eduardo Henrique, era filho
de pai escritor, Maximiano Campos e morreu três dias após completar 49 anos.
Nasceu em 10/8/65 e morreu num acidente aéreo em 13/8/2014, coincidentemente no
mesmo dia em que morrera nove anos antes seu avô e professor de política Miguel
Arraes. O mais novo, João Henrique, filho do poeta, escritor e jornalista
Renato Carneiro Campos, irmão de Maximiano, nasceu em 23/6/69 e morreu
anteontem em Gravatá quando se preparava para comemorar, no dia seguinte, os
seus 50 anos. Que peça reservou o destino para esses dois brilhantes jovens, tirando-os
do nosso convício antes de completarem meio século de vida! São golpes para os
quais não temos explicações.
Eduardo era um homem
público na acepção literal do termo. Deputado estadual e federal, líder de
bancada, presidente de partido, governador de Pernambuco e candidato a
presidente da República. Não sabemos se teria ou não possibilidade de suceder
Dilma Rousseff, porém se encontrava no melhor momento de sua campanha quando
veio a óbito. Na véspera, participara ao vivo de uma entrevista no Jornal
Nacional com o que acreditava ter dado a largada para contaminar o país com o
discurso da mudança.
João Henrique passou
inicialmente pela advocacia, pela assessoria jurídica de órgãos públicos e o
Tribunal Regional Eleitoral antes de chegar ao TCE. Era no dia da morte o
corregedor do órgão e já se preparava para assumir em 1º de janeiro a sua
vice-presidência, obedecendo ao rodízio democrático que prevalece na
instituição. Culto, educado, ponderado, dava gosto vê-lo no Conselho travando
batalhas acadêmicas do mais alto nível com os conselheiros Dirceu Rodolfo e
Valdecir Pascoal, oriundos, respectivamente, da Procuradoria e da Auditoria,
sobre como cobrar mais eficiência dos órgãos públicos e a responsabilização de
gestores ímprobos. Aprendia-se de um lado ou de outro, considerando-se que o
Direito não é uma ciência exata.
Primos legítimos com
relevantes serviços prestados a Pernambuco e ao seu povo, ambos mereciam ter
vivido mais, no entanto se foram precocemente deixando entristecidos
familiares, companheiros de trabalho e uma legião de amigos - por Inaldo
Sampaio”.