O
advogado garanhuense Ivan Rodrigues fez uma analise da polêmica envolvendo o
médico Paulo
Mendonça, que atende na Clínica Médica do Hospital Regional Dom Moura, e o
Secretário Adjunto de Saúde de Garanhuns, Harley
Davidson.
É que enquanto o Médico do Dom Moura aproveitou uma
entrevista veiculada na Rádio Jornal para relatar que o atendimento no Dom
Moura torna-se deficitário diante da falta de atendimentos nos Postos de Saúde
de Garanhuns (relembre, clicando AQUI),
o auxiliar do Governo Izaías Régis, garantiu que a Secretaria Municipal de
Saúde está estruturada e atende, bem, a população de Garanhuns (confira clicando AQUI).
Confira
abaixo a posição de Ivan Rodrigues:
“A propósito de uma postagem sua com a
resposta dada a um Médico do Hospital Dom Moura, pelo nosso Secretário Adjunto
de Saúde de Garanhuns, gostaria de comentá-la, sem entrar no
mérito da questão, não só por não ser do ramo como também por reconhecer a
complexidade do sistema de saúde no Brasil inteiro. A Imprensa
Nacional nos dá notícia do fechamento de hospitais no Rio de Janeiro e de
estarrecedora informação
do Município do Rio de Janeiro emprestando dinheiro ao Estado do Rio de
Janeiro para acudir a combalida saúde naquele Estado.
Ninguém assume nem quer resolver, o terrível problema de saúde pública causado em grande parte pelos acidentes de moto que, pelo menos em nosso Estado, arrebentaram a estrutura de emergência em saúde, ocupando sistematicamente cerca de 60% dos atendimentos dos leitos de emergência, sem contar que a permanência em recuperação dos pacientes acidentados é mais longa do que os pacientes comuns.
Ninguém ousa contrariar a produção e venda de
motos, os consertos, a venda de sobressalentes, a geração de empregos e os
sonhos de consumo da classe D emergente que, ao conseguir o primeiro
emprego, compromete logo o primeiro salário para comprar uma “cinquentinha” com
prestações mensais de
cem reais. Para isso, foi tida como positiva a implantação da fábrica
Shineray em Pernambuco que vai jogar nas ruas todo mês 20.000 motos novas! Positiva pela economia e fatídica
pela saúde!
Da mesma forma, ninguém quer gastar com qualificação, reciclagem e treinamento dos motoqueiros e, o que é mais grave, ninguém quer assumir o desgaste político da repressão às transgressões, indisciplinas e verdadeira delinquência de uma boa parte deles.
Lembro que na campanha política de 2006, Eduardo Campos foi criticado quando prometeu três novos hospitais na Região Metropolitana, considerados pelos opositores como desnecessários; os construiu e estão funcionando com plena capacidade, além de 12 UPA’s, e quase nada aliviou as emergências dos hospitais existentes. Nas cidades de porte médio, as motos viraram sucedâneos do transporte coletivo e dos táxis e até na zona rural substituíram o cavalo para tanger boiada.
Procurem as estatísticas alarmantes do
Hospital Dom Moura, quanto a acidentados de motos, sem contar os que são
transferidos para outros centros hospitalares e os que passam direto para os
necrotérios.
Conclui-se, na verdade, que o problema de saúde no Brasil é muito mais complexo do que parece, quando se discute apenas aporte de verbas, conduta de servidores da saúde, carência de equipamentos, etc. esquecendo a crescente e assustadora produção de acidentados em escala geométrica (evitáveis, em parte, por providências preventivas).
Lembraria ao prezado Secretário Adjunto da Saúde
apenas umas pequenas observações de natureza genérica sem discutir questões
de natureza técnica que
eu não entendo, a saber:
a) Quando ele diz que “a Secretaria de Saúde de Garanhuns está bem estruturada e atende diariamente, quatro mil pacientes” esquece que esse excepcional atendimento de sua Secretaria representaria um atendimento mensal em torno de 100.000 pessoas que equivaleriam, na prática, a cerca de 80 (oitenta por cento) da população do Município? É apenas uma simples questão aritmética: não acha um pouco de exagero afirmar que os 36 Postos de Saúde do Município atendem todo mês cerca de 80 (oitenta por cento) da população de Garanhuns? Mesmo admitindo a hipótese absurda de toda população de Garanhuns ser ou estar doente, o que restaria para ser atendido pelos Hospitais Dom Moura, UPAE, Infantil, Perpétuo Socorro e de outros órgãos que também atendem SUS, além de planos de saúde e particulares? Pelos índices estatísticos, significa que cada cidadão de Garanhuns é atendido em rodízio oito vezes por ano nos Postos de Saúde Municipais?
b) Quando ele “lembrou que aos
sábados as Unidades Municipais de Saúde estão
fechadas”, pode-se inferir que essas Unidades funcionam apenas durante os
dias úteis? Se verdadeira, essa circunstância faz-me lembrar do meu tempo
de Presidente da Cilpe, quando me defrontei com um problema criado por
uma Usina de Leite concorrente ao recusar o recebimento de leite dos seus
fornecedores, nos fins de semana, sob o pretexto de que não vendiam
leite aos consumidores nesse período. Lembrando a famosa tirada do
simplório e genial Garrincha, simplesmente perguntei: E COMBINARAM
ISSO COM AS VACAS? Por isso ousaria fazer ao caro Secretario de Saúde
Adjunto a mesma pergunta: E COMBINARAM COM OS PACIENTES PARA NÃO
ADOECEREM DURANTE OS FINS DE SEMANA? E COMBINARAM, TAMBÉM, COM OS MICRÓBIOS,
COM OS BACILOS, COM OS VÍRUS PARA NÃO ATACAREM E COM OS INFORTÚNIOS
PARA NÃO OCORREREM NESSES PERÍODOS?
Entendo que a população necessita, ainda, de uma
melhor informação, sobre o adiamento da implantação da UPA prevista para
junho de 2016 e que segundo o prezado Secretário Adjunto Harley
Davidson somente ocorrerá em 2017, sem esclarecer as razões técnicas,
financeiras ou operacionais dessa protelação”.
O Blog do Carlos Eugênio está à disposição dos órgãos
e agentes públicos citados pelo advogado Ivan Rodrigues para publicar as suas
versões quanto aos fatos registrados neste espaço.