Os restos
mortais do cantor, músico e compositor José Domingos de Moraes, o Dominguinhos,
foram removidos na manhã desta quinta-feira (26) do Cemitério Morada da Paz, em
Paulista, na Região Metropolitana do Recife e estão sendo levados para sua
cidade natal, Garanhuns, onde haverá novo sepultamento. O trajeto está sendo
escoltado por batedores da Polícia Rodoviária Federal e seguido em comboio por
parentes e amigos do músico.
O
procedimento foi acompanhado por técnicos da Agência Pernambucana de Vigilância
Sanitária (Apevisa), pela filha de Dominguinhos, Liv Moraes, a ex-mulher, Guadalupe
Mendonça, e alguns amigos da família. "Mauro [Moraes, filho de
Dominguinhos] optou por não vir ao cemitério, ele seguiu para Garanhuns com outros parentes e amigos
direto do restaurante Arriégua, em um comboio. Foi uma opção dele, até porque o
caixão não vai ser aberto. Ele vai prestar a homenagem lá", explica o
advogado Antiógenes Viana.
O diretor
da Apevisa, Jaime Brito, explica que o acompanhamento faz parte da garantia de
segurança, já que o corpo passa por processo de decomposição. "Os
responsáveis pelo cemitério encaminharam um plano para nós, que foi aprovado e
encaminhado à Justiça. A decisão previa, devido ao transporte e leis sanitárias
estaduais, há necessidade de acompanhamento", esclarece Brito.
O gerente regional do Grupo Morada da Paz, Guilherme Lithg, aponta que como o
enterro ocorreu há pouco tempo, não foi necessário trocar a urna funerária.
"O que fizemos foi colocar uma manta, que isola o caixão e evita que
líquidos e gases possam escapar. O procedimento é todo feito por uma equipe que
está acostumada com isso, utilizando máscaras", detalha. O corpo foi
envolto nas bandeiras de Pernambuco e Garanhuns.
No
município, foi construído um mausoléu, com a imagem de Dominguinhos, e um
trecho da canção ‘De volta para o Aconchego’, feita em parceria com Nando
Cordel.
Filha de
Dominguinhos, a cantora Liv Moraes afirmou que não houve desentendimento sobre
o enterro. "Muitas pessoas tentaram falar com a gente, quem conseguiu
primeiro foi o Morada da Paz. Foi bom esse tempo, porque Garanhuns não tinha
ainda estrutura para receber e pode se preparar. Agora, meu pai recebe essa
belíssima homenagem e volta realmente para casa", aponta a também cantora,
que fez questão de ressaltar a saudade do pai. "Sempre vou homenageá-lo",
garantiu.
ENTENDA - Dominguinhos faleceu aos 72 anos, no dia 23 de julho deste
ano, no Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, em decorrência de complicações
infecciosas e cardíacas. Ele lutava havia seis anos contra um câncer. Dois dias
após o falecimento, ele foi sepultado em Paulista. O local do enterro tornou-se
alvo de disputa judicial envolvendo Liv e Mauro Moraes, filhos do cantor.
A
sentença que autorizou a transferência do corpo de Dominguinhos saiu no último
dia 29 de agosto. A decisão do Tribunal de Justiça de Pernambuco atendeu a um
pedido do filho do cantor, que insistia que o desejo do pai era ser enterrado
na cidade onde começou a carreira.
A decisão
de ser enterrado em Paulista foi tomada por Guadalupe Mendonça, ex-mulher de
Dominguinhos, e Liv Moraes, filha dela com o sanfoneiro. Já Mauro defendia que
Dominguinhos deveria ser enterrado no Rio de Janeiro, junto com a família, mas
mudou de ideia ao ouvir uma entrevista em uma rádio local, na qual o cantor
manifestou a vontade de ser sepultado em Garanhuns.
No dia 10
de agosto, Guadalupe e Liv se reuniram com o prefeito de Garanhuns, Izaías
Régis, para discutir a transferência do corpo. Em entrevista ao G1, o
prefeito disse que expôs o plano de fazer um monumento para homenagear o cantor
e a ideia de fazer um plebiscito para mudar o nome da Praça Guadalajara - onde
são realizados os grandes eventos município, como o Festival de Inverno de
Garanhuns - para Praça Mestre Dominguinhos. (Katherine Coutinho Do
G1 PE)