O Programa Universidade para Todos
em Pernambuco (Proupe) foi lançado em 2011 pelo então governador Eduardo
Campos, oferecendo a oportunidade, a milhares de jovens carentes do interior,
de ingressar no ensino superior e se tornarem professores.
Reconhecido instrumento de
democratização da Educação, ampliando as chances de ingresso no mercado de
trabalho, o Proupe atravessa um período prolongado de crise. Desta vez, as
parcelas de março, abril e maio ainda não foram repassadas pelo Governo
Estadual às instituições que dependem do Programa. Os atrasos no desembolso têm
sido comuns, comprometendo os frutos da semente plantada há cinco anos.
As bolsas de estudo são
distribuídas diretamente para as Autarquias Municipais de Ensino superior que
integram o programa e não para os alunos e priorizam a licenciatura em
disciplinas como Matemática, Física e Química, de acordo com a demanda de
professores no Estado. Os municípios onde se localizam as autarquias são o Cabo
de Santo Agostinho, Goiana, Palmares, Limoeiro, Garanhuns, Belém de São Francisco, Belo Jardim, Arcoverde,
Araripina, Salgueiro, Serra Talhada, Afogados da Ingazeira e Petrolina.
O número de estudantes
beneficiados chegou a 12 mil em 2014, mas a quantidade de bolsas vem caindo,
devendo fechar 2016 com menos de 8 mil. Os cortes no Programa têm sido alvo de
protestos nas Cidades que abrigam os cursos. As manifestações reúnem
professores, alunos, diretores das instituições e até os prefeitos. Nos últimos
meses, houve manifestações de porte em Afogados da Ingazeira, Serra Talhada, Belém do São Francisco e aqui em Garanhuns. Os gestores das Autarquias já se reuniram no Recife, em
março, para buscar soluções visando a regularização do pagamento das bolsas.
Mas o problema continua, como o JC mostra em reportagem especial neste domingo.
Sem os recursos, as faculdades
correm o risco de paralisar as atividades. As contas de água, energia e
internet não estão sendo pagas, assim como os salários dos professores, e a
implantação de novos cursos está prejudicada, relatou Rinaldo Remígio,
presidente da Associação das Autarquias de Pernambuco (ASSIESPE).
O aluno Rodrigo Amaral, de 26 anos, que mora em
Custódia e caminha para a conclusão da licenciatura em história em Arcoverde, resumiu
a importância do programa: "Ao me formar, estarei realizando um sonho meu
e de meu pai. Ele sempre trabalhou na roça. Não terminou a 2ª série. Uma das
alegrias dele é me ver na faculdade. Só tentei o vestibular porque havia o
Proupe". A viabilização dos sonhos de milhares de famílias fica
comprometida, embora o Governo de Pernambuco reitere que não há perspectiva de
cancelamento do Programa. Em comparação com outros gastos, o valor de R$ 16
milhões, previsto para o orçamento do Proupe em 2016, não é alto. Mesmo assim,
tendo a palavra oficial como garantia de continuidade, é uma lástima receber a
notícia de que a abertura de novas vagas encontra-se suspensa. Novos cursos
poderiam representar o alargamento do futuro para milhares de interioranos. (EDITORIAL DO JORNAL DO COMERCIO, edição de
05/06/2016)