Na semana passada, no
intervalo de apenas dois dias, o Governo de Pernambuco fez dois anúncios
diferentes em relação ao reforço na oferta de Unidades de Terapia Intensiva
(UTIs). Na segunda-feira, dia 16, informou que seriam criados 100 novos leitos.
Na quarta, dia 18, a promessa já havia pulado para 400 novas vagas.
A mudança é sintomática.
Garantir o atendimento nas unidades de terapia intensiva é, de longe, um dos
maiores desafios que o Sistema Único de Saúde (SUS) enfrentará na guerra contra
o Coronavírus. Não só pela já saturada rede hoje disponível, mas,
principalmente, pelo comportamento da doença. Os pacientes graves contaminados
com a Covid-19 precisarão de um respirador e de um longo tempo de permanência
na UTI. Será a diferença entre viver e morrer.
O cenário atual em Pernambuco
é preocupante. As atuais 1.018 vagas de Unidade Intensiva da Rede Pública de Saúde
já funcionam com praticamente 100% de ocupação. São mais 887 vagas na rede
privada. Parte dessa oferta certamente terá que ser requisitada pelo Poder
Público.
Aqui no Agreste Meridional, Garanhuns, única cidade a contar com
Unidades de Terapia Intensiva, tem apenas 10 leitos de UTI e outros 7 de CTI no
Hospital Regional Dom Moura, além de outros quinze leitos de UTI na Rede
Particular Conveniada.
A situação não é muito diferente em relação ao restante
do País. O Brasil conta hoje com 55.101 leitos de UTI. Destes, 27.453 estão no
SUS. A taxa de ocupação na rede pública fica em 78%, o que deixa pouca margem
para a imensa demanda que precisará ser atendida. Estima-se que de 10% a 20%
dos pacientes infectados pelo Coronavírus vão precisar dos serviços de UTI.
Para piorar, o tempo médio de um paciente com Covid-19 no leito de unidade
intensiva é de 14 dias, o dobro do período de permanência de doentes com outras
enfermidades.
Assim como o Governo de
Pernambuco, o Ministério da Saúde também ajustou as promessas de oferta de
novas vagas. Depois de anunciar mil leitos, subiu a quantidade para 2 mil e, na
última sexta-feira, publicou pregão para locação de 3 mil leitos de UTI de instalação
rápida em todo País.
GESTÃO DA REDE PRIVADA - “Com
o crescimento exponencial dos casos graves, o SUS terá que assumir a regulação
dos leitos privados. Isso pode ser feito por Decreto, diante da emergência
sanitária. Essa medida será inevitável, se quisermos preservar vidas”, diz o
médico sanitarista Gastão Wagner, ex-presidente da Associação Brasileira de
Saúde Coletiva (Abrasco) e professor de Saúde Pública da Universidade Estadual
de Campinas (Unicamp). A questão é matemática. Metade das vagas de UTI estão na
rede privada, que atende apenas 25% da população. A outra metade dos leitos,
ofertados pelo SUS, é disputada por 75% dos brasileiros. Uma conta que já não
fechava antes mesmo da pandemia.
DIAGNÓSTICO DO CORONAVÍRUS –
E para ampliar a capacidade de realizar o diagnóstico do Coronavírus, o Governo
de Pernambuco adquiriu dois mil novos kits de testagem. Com este quantitativo,
será possível realizar até 100 testes por dia. Além dessa aquisição, também foram adquiridos mais 800 mil insumos,
dentre eles: máscaras, álcool em gel e luvas, para segurança, sobretudo dos
profissionais de Saúde. O Governo de Pernambuco ainda não informou quando os
kits e insumos serão distribuídos junto as Gerências Regionais de Saúde.
BOLSONARO ANUNCIA DISTRIBUIÇÃO DE NOVOS TESTES – E o presidente Jair Bolsonaro usou neste
domingo, dia 22, sua conta no Twitter para repetir informação dada na véspera
pelo Ministério da Saúde em relação à distribuição de testes de covid-19.
"São aproximadamente 10 milhões de testes no local. Cinco milhões enviados
para todos os Estados ainda em março". Na postagem, o presidente diz que
os testes rápidos poderão ser realizados em locais de fácil acesso, como
farmácias, escolas e postos de drive-thru. "As amostras são coletadas sem
que o paciente saia do seu próprio veículo, uma estratégia adotada com sucesso
na Coreia do Sul", conclui o Mandatário Brasileiro. (Com informações de
Ciara
Carvalho/JC. CONFIRA)