O ex-diretor da
Petrobras Paulo Roberto Costa afirmou em depoimento à Justiça que o líder do PT
no Senado, o pernambucano Humberto Costa, recebeu R$ 1 milhão do esquema de
fraudes envolvendo a estatal, informa a edição deste domingo (23) de O Estado
de S. Paulo, que está nas bancas.
Segundo o jornal,
a citação foi feita em depoimento sigiloso que integra a delação premiada
assinada pelo ex-diretor, por meio da qual ele espera ter sua pena
reduzida. O jornal afirma
que, segundo Paulo Roberto, o dinheiro a Costa foi solicitado pelo empresário
Mário Barbosa Beltrão, presidente da Associação das Empresas do Estado de
Pernambuco (Assimpra).
Paulo Roberto
teria dito que o dinheiro saiu da cota de 1% do PP. Segundo o jornal, o
ex-diretor não soube informar como ocorreu o repasse do dinheiro, mas declarou
que o empresário lhe confirmou o pagamento.
Procurado pela
reportagem, o líder do PT classificou de totalmente fantasiosa a acusação de
que teria recebido R$ 1 milhão do esquema.
Ele disse que não
tem qualquer relação com algum integrante do PP que pudesse intermediar alguma
arrecadação para ele. "Essa (acusação) é totalmente fantasiosa. Como o PP
mandou passar uma cota? Não tenho relação com ninguém do PP. A matéria não diz
se é uma doação oficial, quem levou, de onde saiu."
Costa afirmou que
deve divulgar uma nota à imprensa neste domingo rebatendo pontos da reportagem.
O senador disse que recebeu, na campanha de 2010, R$ 150 mil em doações feitas
pelo empresário Mário Barbosa Beltrão, de quem é amigo desde a adolescência. Mário Beltrão,
segundo O Estado, chamou as acusações de leviandades e negou ter pedido
dinheiro à campanha para o ex-diretor da Petrobras.
Alguns nomes de
uma lista de parlamentares que teriam sido beneficiados do esquema de corrupção
na Petrobras vieram à tona. Entre eles, estaria a ex-ministra Gleisi Hoffmann
(PT-PR) e o ex-senador Sérgio Guerra (PSDB-PE), já morto. Gleisi negou as
acusações. A reportagem tentou falar com Mário Beltrão mas não obteve
retorno. (Com informações do JC On-line)
NOTA OFICIAL
SENADOR HUMBERTO COSTA
Em relação à
publicação do jornal o Estado de São Paulo deste domingo que relata supostas
acusações do sr. Paulo Roberto Costa dirigidas a mim em delação premiada,
afirmo que:,
1. Todas as
doações de campanha que recebi na minha candidatura ao senado em 2010 foram
feitas de forma legal, transparente, devidamente declaradas e registradas em
minha prestação de contas à justiça eleitoral e inteiramente aprovadas, estando
disponíveis a quem queira acessá-las;
2. Assim, nego
veementemente ter pedido a quem quer que seja que solicitasse qualquer doação
de campanha ao sr. Paulo Roberto;
3. Tal denúncia
padece de consistência quando afirma que a suposta doação à campanha teria sido
determinada pelo Partido Progressista (PP) por não haver qualquer razão que
justificasse o apoio financeiro de outro partido à minha campanha;
4. Mais
inverossímil ainda é a versão de que se o sr. Paulo Roberto não tivesse
autorizado tal doação, correria o risco de ser demitido, como se eu, à época
sem mandato e tão somente candidato a uma vaga ao Senado, tivesse poder de
causar a demissão de um diretor da Petrobrás;
5. Causa espécie o
fato de que ao afirmar a existência de tal doação, o sr. Paulo Roberto não
apresente qualquer prova, não sabendo dizer a origem do dinheiro, quem fez a
doação, de que maneira e quem teria recebido;
6. Conheci o sr.
Paulo Roberto em 2004 e minha relação com ele se deu no campo institucional, no
processo de implantação da refinaria de petróleo em Pernambuco, do qual
participei assim como vários políticos, empresários e representantes de outros
segmentos da sociedade pernambucana o fizeram;
7. Conheço e sou
amigo de infância do sr. Mário Beltrão, presidente da Associação das Empresas
do Estado de Pernambuco (ASSINPRA), que também foi partícipe da mesma luta pela
refinaria. Porém, em nenhum momento eu o pedi e ele muito menos exerceu o papel
de solicitar recursos ao Sr. Paulo Roberto para a campanha ao Senado de 2010.
8. Tenho uma vida
pública pautada pela honradez e seriedade, não respondendo a qualquer ação
criminal, civil ou administrativa por atos realizados ao longo de minha vida
pública;
9. Sou defensor da
apuração de todas as denúncias que envolvam a Petrobras ou qualquer outro órgão
do Governo. Porém, entendo que isso deve ser feito com o cuidado de não macular
a honra e a dignidade de pessoas idôneas. O fato de o sr. Paulo Roberto estar
incluído em um processo de delação premiada não dá a todas as suas denúncias o
condão de expressar a realidade dos fatos.
10. Aguardo com
absoluta tranquilidade o pronunciamento da Procuradoria-Geral da República
sobre o teor de tais afirmações, ocasião em que serão inteiramente
desqualificadas. Quando então, tomarei as medidas cabíveis.
11. Informo ainda que
me coloco inteiramente à disposição de todos os órgãos de investigação afetos a
esse caso para quaisquer esclarecimentos e, antecipadamente, disponibilizo a
abertura dos meus sigilos bancário, fiscal e telefônico.
Recife, 22 de
novembro de 2014,
Humberto Costa
Senador da
República