O anúncio do PMDB/Rio de Janeiro de que pretende se afastar da
presidente Dilma Rousseff abalou a ala governista do Partido e também o
Palácio do Planalto. Em sentido inverso, deu força ao grupo peemedebista
pró-impeachment, que decidiu acelerar o trâmite do processo na Câmara dos
Deputados. A previsão é votar o pedido de afastamento antes de
Aliados do vice-presidente Michel Temer afirmaram nessa sexta-feira,
dia 25, que Ele se prepara para assumir o Governo em maio e, por isso, também
intensificou nos últimos dias as articulações no mundo político e empresarial
nesse sentido.
A intenção do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ),
manifestada a aliados, é aprovar o impeachment o mais rápido possível. O
relator do pedido de afastamento na Comissão Especial, Jovair Arantes (PTB-GO),
já teria, segundo apurou o Estado, avisado Cunha de que vai apresentar parecer
favorável à saída de Dilma. Cunha também não desistiu de incluir a delação do
senador Delcídio Amaral (sem partido-MS) no pedido de impeachment que tramita
na Comissão Especial e tem como base as pedaladas fiscais (manobras contábeis)
da atual gestão.
A pressa e o otimismo dos peemedebistas pró-impeachment também se deve
às dificuldades do Planalto e do PT em definir na Justiça a nomeação do
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para a Casa Civil. Sem o cargo e os
poderes dele, Lula está praticamente impossibilitado de fazer a articulação com
o PMDB e demais partidos da base. O petista, no entanto, recorreu ao Supremo em
busca de recuperar o direito de assumir a pasta.
EXPULSÃO DOS QUE NÃO DEIXAREM
CARGOS NO GOVERNO - A ala oposicionista do PMDB quer impedir que
os sete ministros filiados ao Partido se licenciem da legenda para permanecer
nos cargos. Defensores do rompimento querem aprovar nesta terça-feira, dia 29, a
expulsão de quem se recusar a desembarcar do Governo. Hoje, além da
vice-presidência da República, o PMDB ocupa os ministérios da Saúde, Minas e
Energia, Agricultura, Ciência e Tecnologia, Turismo, Aviação Civil e Portos.
O
diretório do Partido irá se reunir nesta terça e a tendência é decidir pelo
desembarque, apesar da resistência de Ministros e alguns senadores e deputados.
Os posicionamentos da ala antigoverno são reação à decisão de alguns Ministros de
não entregar os cargos mesmo diante de uma eventual decisão pelo desembarque. (Com informações do Estadão Conteúdo)