quinta-feira, 24 de março de 2016

OPERAÇÃO LAVA JATO: Confira quem são os Políticos de Pernambuco citados na 'superplanilha' da Odebrecht. Dez dos quatorzes dão a sua Versão sobre a Lista


Entre os mais de 200 políticos citados na lista de possíveis repasses da Odebrecht, mais de 16 são de Pernambuco. O Documento, apreendido pela Polícia Federal na Operação Lava Jato em fevereiro, foi divulgado nessa quarta-feira, dia 23, e revela uma longa sucessão de transferências para deputados, senadores, prefeitos, governadores e legendas políticas.

Apesar de citados nas planilhas, os nomes dos políticos e os valores relacionados não devem ser automaticamente considerados como prova de que houve dinheiro de caixa 2 da empreiteira. São indícios que serão esclarecidos no curso das investigações da Lava Jato.

Logo após o vazamento da "superplanilha", o juiz Sergio Moro, que conduz os processos da Lava Jato, decretou o sigilo dos autos que contêm as planilhas da Odebrecht com os nomes de 200 políticos. Em despacho, o Juiz também intima o Ministério Público Federal que se manifeste "com urgência" sobre o envio do documento ao STF (Supremo Tribunal Federal). "Para continuidade da apuração em relação às autoridades com foro privilegiado", afirmou o juiz.

VEJA A LISTA DOS POLÍTICOS DE PERNAMBUCO CITADOS:

1. Armando Monteiro Neto (PTB), atual ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior;
2. Raul Jungman (PPS), atual deputado federal;
3. Elias Gomes (PSDB), atual prefeito de Jaboatão dos Guararapes;
4. Bruno Araújo (PSDB), atual deputado federal;
5. Daniel Coelho (PSDB), atual deputado federal;
6. Humberto Costa (PT), atual senador da República;
7. Pedro Eugenio (PT), ex-deputado federal, falecido;
8. Geraldo Julio (PSB), atual prefeito do Recife
9. Mendonça Filho (DEM), atual deputado federal; 
10. Jarbas Vasconcelos Filho (PMDB), concorreu e perdeu para vereador do Recife em 2012; 
11. Eduardo Campos (PSB), ex-governador de Pernambuco, falecido em agosto de 2014;
12. Ettore Labanca (PSB), atual presidente da Agência Reguladora de Pernambuco (Arpe);
13. Fernando Bezerra Coelho (PSB), atual senador da República;
14. Severino Branquinho (PSB), atual prefeito de Bezerros;
15. Vado da Farmárcia (sem partido), atual prefeito do Cabo de Santo Agostinho; e
16. Betinho Gomes (PSDB), atual deputado federal.

A RESPOSTA DOS CITADOS - Alguns políticos de Pernambuco se pronunciaram a respeito da citação na lista de possíveis repasses da Odebrecht. Dentre os 14 citados – no total, são 16, porém dois faleceram -, sete emitiram nota à imprensa explicando a doação oriunda de empreiteira investigada pela Operação Lava Jato.

Todos alegam que o repasse foi feito de forma legal, e as contas foram declaradas e aprovadas. Apesar de citados nas planilhas, os nomes dos políticos e os valores relacionados não devem ser automaticamente considerados como prova de que houve dinheiro de caixa 2 da empreiteira. São indícios que serão esclarecidos no curso das investigações da Lava Jato.

A assessoria de comunicação do líder do Governo no Senado, Humberto Costa (PT), esclarece que, em 2012, quando o senador disputou a Prefeitura do Recife, não houve doação à sua campanha. “O que pode ter ocorrido – se efetivamente houve a doação – é que ela tenha sido feita diretamente ao PT Nacional”, diz a nota.

O prefeito do Recife, Geraldo Julio (PSB), alegou, em entrevista ao JC, que desconhecia a planilha da Odebrecht. No fim do dia, a assessoria de comunicação enviou nota esclarecendo que todas as doações recebidas na campanha de 2012 obedeceram à legislação.

O deputado federal Daniel Coelho (PSDB) esclareceu que apoia as investigações da Lava Jato e alegou estar tranquilo por “não ter recebido absolutamente nada além do que foi declarado oficialmente no período eleitoral”.

Já os deputados Mendonça Filho (DEM) e Betinho Gomes (PSDB) declararam que todas as doações foram feitas de forma legal.

Por meio de nota, o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Armando Monteiro Neto (PTB), alegou que recebeu da Odebrecht valores maiores do que os apontados na planilha, todos “devidamente declarados na prestação de contas”. (Com informações e imagens do Blog do Jamildo)

Clique AQUI e confira as notas na Íntegra.


HUMBERTO COSTA (PT) - A citação na planilha parece fazer menção às eleições municipais de 2012, nas quais o senador Humberto Costa (PT) disputou a Prefeitura do Recife. Como consta da prestação de contas aprovada pela Justiça Eleitoral, não houve qualquer doação da Odebrecht à campanha de Humberto daquele ano. O que pode ter ocorrido – se efetivamente houve a doação – é que ela tenha sido feita diretamente ao PT Nacional, que repassou cerca de R$ 1,7 milhão para contribuir com a campanha do senador em 2012, conforme registrado na mesma prestação de contas.

GERALDO JULIO (PSB) - Todas as doações recebidas na minha campanha eleitoral em 2012 obedeceram rigorosamente a legislação eleitoral. A prestação de contas da campanha foi apresentada à Justiça Eleitoral e aprovada pelo Tribunal Regional Eleitoral. Os detalhes estão disponíveis no site do TRE-PE.

ARMANDO MONTEIRO NETO (PTB)O ministro Armando Monteiro Neto esclarece que recebeu contribuição da Construtora Odebrecht, para a campanha de 2014, em valor maior do que foi divulgado. Foram duas doações – R$ 500 mil e R$ 200 mil – devidamente declaradas na prestação de contas apresentada e aprovada Justiça Eleitoral.

RAUL JUNGMANN (PPS-PE) - Confirmo que recebi o valor de R$ 100 mil de empresas do Grupo Odebrecht para a minha campanha. Este valor foi apresentado na prestação de contas ao Tribunal Regional Eleitoral (TRE), devidamente aprovada sem restrições.

DANIEL COELHO (PSDB) - Em primeiro lugar, quero aqui deixar claro que confiamos e apoiamos as investigações da Operação Lava Jato e a atuação do juiz Sérgio Moro. Tenho certeza esse processo irá esclarecer muito sobre a política brasileira.

Precisamos dar suporte para que as investigações continuem com independência e transparência. Que se investigue tudo, sobre todos, de todos os partidos.

A citação de meu nome, hoje, em uma das planilhas, sobre uma suposta entrega de recursos em maio de 2012 não muda minha opinião sobre a investigação.

Tenho a tranquilidade de não ter recebido absolutamente nada além do que foi declarado oficialmente no período eleitoral. Em maio de 2012 não havia sequer a confirmação de que eu seria candidato, como notícias veiculadas nos jornais do período podem comprovar.

Espero que as investigações prossigam com rapidez e tenho certeza de que nas delações que já foram anunciadas ficará esclarecido quem deu dinheiro, para quem e quem recebeu.

Quero deixar nosso eleitores, amigos e simpatizantes tranquilos de que continuarei cobrando a punição a todos os culpados. E diferentemente daqueles que têm culpa no cartório, não iremos atacar a imprensa, que está no seu papel de divulgar os fatos. Muito menos a justiça, que tem feito um excepcional trabalho.

MENDONÇA FILHO (DEM) - Com relação à divulgação da planilha de doações feitas pela Odebrecht, o deputado federal, Mendonça Filho, esclarece que a sua campanha para prefeito do Recife em 2012 recebeu doação empresarial da Odebrecht de forma legal, repassada por meio das contas do Democratas, conforme prestação de contas feita à Justiça Eleitoral e disponível ao público. O deputado destaca, ainda, que é importante separar a doação empresarial legal, permitida então pela Lei Eleitoral, e contribuições ilegais derivadas de corrupção, as quais são investigadas pela Operação Lava Jato.

BETINHO GOMES (PSDB) - O deputado Federal Betinho Gomes recebeu com tranquilidade a informação de que seu nome constava como beneficiário de doações eleitorais da Odebrecht.

Ele mostrou, na sua prestação de contas de campanha, aprovada pelo Tribunal Superior Eleitoral, que o Diretório Nacional do PSDB doou, em 2012, a quantia de R$ 100.000 (cem mil reais) à sua campanha para Prefeito do Cabo de Santo Agostinho. Tais informações constam no site oficial do TSE.

Segundo apurou hoje Betinho, o Diretório Nacional do PSDB recebeu doações da citada empresa, de maneira que está mais do que explicada a inclusão do seu nome na relação de beneficiários da Odebrecht, instituição com a qual ele não tem qualquer relação pessoal ou profissional.

“Reafirmo meu compromisso de absoluto apoio à Operação Lava Jato, que tem se mostrado importante para resgatar a credibilidade da política nacional”, reiterou Betinho Gomes.

JARBAS FILHO (PMDB) - Todas as doações de campanha que recebi em 2012, quando tentei uma vaga para Câmara de Vereadores do Recife, foram declaradas e aprovadas. Dentro dessa prestação existem doações de empresas privadas, pessoas físicas e dos diretórios estadual e nacional do PMDB, meu partido. Tudo formalizado, seguindo as orientações legais e disponibilizado no site do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). – Jarbas Vasconcelos Filho

ETTORE LABANCA - O meu nome está inserido nesta lista e, de fato, a minha campanha em busca da reeleição para a Prefeitura de São Lourenço da Mata, em 2012, contou com o apoio financeiro da Odebrecht. No entanto, vale ressaltar, a doação ao meu comitê financeiro ocorreu de forma transparente, obedeceu à legislação vigente naquele momento e não esteve condicionada a nenhum ato escuso que possa colocar sob suspeita a minha atuação política. Todos os valores que recebi de doação da Odebrecht foram devidamente registrados na Prestação de Contas perante a Justiça Eleitoral. Labanca é presidente da Agência Reguladora de Pernambuco (ARPE) e ex-prefeito de São Lourenço da Mata.

ELIAS GOMES (PSDB) - Está claro na prestação de contas aprovada pelo Tribunal Superior Eleitoral, que o Diretório Estadual do PSDB doou R$ 200.000 (duzentos mil reais) à sua campanha, dentre outras doações. Por sua vez, o Diretório Nacional do PSDB recebeu doações da citada empresa e repassou para os diversos diretórios estaduais, inclusive o de Pernambuco, de maneira que está devidamente justificada a inclusão do seu nome na relação. Aliás, a própria planilha apreendida pela Polícia Federal, no caso de Elias, traz a expressão “número de conta confirmada”, demonstrando que se trata de doação oficial.