Entre os mais de
200 políticos citados na lista de possíveis repasses da Odebrecht, mais de 16
são de Pernambuco. O Documento, apreendido pela Polícia Federal na Operação
Lava Jato em fevereiro, foi divulgado nessa quarta-feira, dia 23, e revela uma
longa sucessão de transferências para deputados, senadores, prefeitos,
governadores e legendas políticas.
Apesar de citados
nas planilhas, os nomes dos políticos e os valores relacionados não devem ser
automaticamente considerados como prova de que houve dinheiro de caixa 2 da
empreiteira. São indícios que serão esclarecidos no curso das investigações da
Lava Jato.
Logo após o
vazamento da "superplanilha", o juiz Sergio Moro, que conduz os
processos da Lava Jato, decretou o sigilo dos autos que contêm as planilhas da
Odebrecht com os nomes de 200 políticos. Em despacho, o Juiz também intima o
Ministério Público Federal que se manifeste "com urgência" sobre o
envio do documento ao STF (Supremo Tribunal Federal). "Para continuidade
da apuração em relação às autoridades com foro privilegiado", afirmou o
juiz.
VEJA A LISTA DOS POLÍTICOS DE PERNAMBUCO CITADOS:
1.
Armando Monteiro Neto (PTB), atual ministro do Desenvolvimento, Indústria e
Comércio Exterior;
2.
Raul Jungman (PPS), atual deputado federal;
3.
Elias Gomes (PSDB), atual prefeito de Jaboatão dos Guararapes;
4.
Bruno Araújo (PSDB), atual deputado federal;
5.
Daniel Coelho (PSDB), atual deputado federal;
6.
Humberto Costa (PT), atual senador da República;
7.
Pedro Eugenio (PT), ex-deputado federal, falecido;
8.
Geraldo Julio (PSB), atual prefeito do Recife
9.
Mendonça Filho (DEM), atual deputado federal;
10.
Jarbas Vasconcelos Filho (PMDB), concorreu e perdeu para vereador do Recife em
2012;
11.
Eduardo Campos (PSB), ex-governador de Pernambuco, falecido em agosto de 2014;
12.
Ettore Labanca (PSB), atual presidente da Agência Reguladora de Pernambuco
(Arpe);
13.
Fernando Bezerra Coelho (PSB), atual senador da República;
14.
Severino Branquinho (PSB), atual prefeito de Bezerros;
15.
Vado da Farmárcia (sem partido), atual prefeito do Cabo de Santo Agostinho; e
16.
Betinho Gomes (PSDB), atual deputado federal.
A RESPOSTA DOS
CITADOS - Alguns políticos de Pernambuco se pronunciaram a
respeito da citação na lista de possíveis repasses da Odebrecht. Dentre os 14 citados –
no total, são 16, porém dois faleceram -, sete emitiram nota à imprensa
explicando a doação oriunda de empreiteira investigada pela Operação Lava
Jato.
Todos alegam que o repasse foi feito de forma legal, e as
contas foram declaradas e aprovadas. Apesar de citados nas planilhas, os
nomes dos políticos e os valores relacionados não devem ser automaticamente
considerados como prova de que houve dinheiro de caixa 2 da empreiteira. São
indícios que serão esclarecidos no curso das investigações da Lava Jato.
A assessoria de comunicação do líder do Governo no
Senado, Humberto Costa (PT), esclarece que, em 2012, quando o senador disputou
a Prefeitura do Recife, não houve doação à sua campanha. “O que pode ter
ocorrido – se efetivamente houve a doação – é que ela tenha sido feita
diretamente ao PT Nacional”, diz a nota.
O prefeito do Recife, Geraldo
Julio (PSB), alegou, em entrevista ao JC, que desconhecia a planilha da
Odebrecht. No fim do dia, a assessoria de comunicação enviou
nota esclarecendo que todas as doações recebidas na campanha de 2012 obedeceram
à legislação.
O deputado federal Daniel Coelho (PSDB) esclareceu que
apoia as investigações da Lava Jato e alegou estar tranquilo por “não ter
recebido absolutamente nada além do que foi declarado oficialmente no período
eleitoral”.
Já os deputados Mendonça Filho (DEM) e Betinho Gomes (PSDB)
declararam que todas as doações foram feitas de forma legal.
Por meio de nota, o ministro do Desenvolvimento,
Indústria e Comércio Exterior, Armando Monteiro Neto (PTB), alegou que recebeu
da Odebrecht valores maiores do que os apontados na planilha, todos
“devidamente declarados na prestação de contas”. (Com informações e imagens do Blog do Jamildo)
Clique AQUI e confira as notas na Íntegra.
HUMBERTO COSTA (PT) - A
citação na planilha parece fazer menção às eleições municipais de 2012, nas
quais o senador Humberto Costa (PT) disputou a Prefeitura do Recife. Como consta
da prestação de contas aprovada pela Justiça Eleitoral, não houve qualquer
doação da Odebrecht à campanha de Humberto daquele ano. O que pode ter ocorrido
– se efetivamente houve a doação – é que ela tenha sido feita diretamente ao PT
Nacional, que repassou cerca de R$ 1,7 milhão para contribuir com a campanha do
senador em 2012, conforme registrado na mesma prestação de contas.
GERALDO JULIO (PSB) - Todas as
doações recebidas na minha campanha eleitoral em 2012 obedeceram rigorosamente
a legislação eleitoral. A prestação de contas da campanha foi apresentada à
Justiça Eleitoral e aprovada pelo Tribunal Regional Eleitoral. Os detalhes
estão disponíveis no site do TRE-PE.
ARMANDO MONTEIRO NETO (PTB) - O ministro Armando Monteiro
Neto esclarece que recebeu contribuição da Construtora Odebrecht, para a
campanha de 2014, em valor maior do que foi divulgado. Foram duas doações – R$
500 mil e R$ 200 mil – devidamente declaradas na prestação de contas
apresentada e aprovada Justiça Eleitoral.
RAUL JUNGMANN (PPS-PE) - Confirmo
que recebi o valor de R$ 100 mil de empresas do Grupo Odebrecht para a minha
campanha. Este valor foi apresentado na prestação de contas ao Tribunal
Regional Eleitoral (TRE), devidamente aprovada sem restrições.
DANIEL COELHO (PSDB) - Em
primeiro lugar, quero aqui deixar claro que confiamos e apoiamos as
investigações da Operação Lava Jato e a atuação do juiz Sérgio Moro. Tenho
certeza esse processo irá esclarecer muito sobre a política brasileira.
Precisamos dar suporte para
que as investigações continuem com independência e transparência. Que se
investigue tudo, sobre todos, de todos os partidos.
A citação de meu nome, hoje,
em uma das planilhas, sobre uma suposta entrega de recursos em maio de 2012 não
muda minha opinião sobre a investigação.
Tenho a tranquilidade de não
ter recebido absolutamente nada além do que foi declarado oficialmente no período
eleitoral. Em maio de 2012 não havia sequer a confirmação de que eu seria
candidato, como notícias veiculadas nos jornais do período podem comprovar.
Espero que as investigações
prossigam com rapidez e tenho certeza de que nas delações que já foram anunciadas
ficará esclarecido quem deu dinheiro, para quem e quem recebeu.
Quero deixar nosso eleitores,
amigos e simpatizantes tranquilos de que continuarei cobrando a punição a todos
os culpados. E diferentemente daqueles que têm culpa no cartório, não iremos
atacar a imprensa, que está no seu papel de divulgar os fatos. Muito menos a
justiça, que tem feito um excepcional trabalho.
MENDONÇA FILHO (DEM) - Com
relação à divulgação da planilha de doações feitas pela Odebrecht, o deputado
federal, Mendonça Filho, esclarece que a sua campanha para prefeito do Recife
em 2012 recebeu doação empresarial da Odebrecht de forma legal, repassada por
meio das contas do Democratas, conforme prestação de contas feita à Justiça
Eleitoral e disponível ao público. O deputado destaca, ainda, que é
importante separar a doação empresarial legal, permitida então pela Lei
Eleitoral, e contribuições ilegais derivadas de corrupção, as quais são
investigadas pela Operação Lava Jato.
BETINHO GOMES (PSDB) - O
deputado Federal Betinho Gomes recebeu com tranquilidade a informação de que
seu nome constava como beneficiário de doações eleitorais da Odebrecht.
Ele mostrou, na sua prestação
de contas de campanha, aprovada pelo Tribunal Superior Eleitoral, que o
Diretório Nacional do PSDB doou, em 2012, a quantia de R$ 100.000 (cem mil
reais) à sua campanha para Prefeito do Cabo de Santo Agostinho. Tais
informações constam no site oficial do TSE.
Segundo apurou hoje Betinho, o
Diretório Nacional do PSDB recebeu doações da citada empresa, de maneira que
está mais do que explicada a inclusão do seu nome na relação de beneficiários
da Odebrecht, instituição com a qual ele não tem qualquer relação pessoal ou
profissional.
“Reafirmo meu compromisso de
absoluto apoio à Operação Lava Jato, que tem se mostrado importante para
resgatar a credibilidade da política nacional”, reiterou Betinho Gomes.
JARBAS FILHO (PMDB) - Todas as
doações de campanha que recebi em 2012, quando tentei uma vaga para Câmara de
Vereadores do Recife, foram declaradas e aprovadas. Dentro dessa prestação
existem doações de empresas privadas, pessoas físicas e dos diretórios estadual
e nacional do PMDB, meu partido. Tudo formalizado, seguindo as orientações
legais e disponibilizado no site do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
– Jarbas Vasconcelos Filho
ETTORE LABANCA - O meu
nome está inserido nesta lista e, de fato, a minha campanha em busca da
reeleição para a Prefeitura de São Lourenço da Mata, em 2012, contou com o
apoio financeiro da Odebrecht. No entanto, vale ressaltar, a doação ao meu
comitê financeiro ocorreu de forma transparente, obedeceu à legislação vigente
naquele momento e não esteve condicionada a nenhum ato escuso que possa colocar
sob suspeita a minha atuação política. Todos os valores que recebi de doação da
Odebrecht foram devidamente registrados na Prestação de Contas perante a
Justiça Eleitoral. Labanca é presidente da Agência Reguladora de Pernambuco (ARPE)
e ex-prefeito de São Lourenço da Mata.
ELIAS GOMES (PSDB) - Está
claro na prestação de contas aprovada pelo Tribunal Superior Eleitoral, que o
Diretório Estadual do PSDB doou R$ 200.000 (duzentos mil reais) à sua campanha,
dentre outras doações. Por sua vez, o Diretório Nacional do PSDB recebeu
doações da citada empresa e repassou para os diversos diretórios estaduais, inclusive
o de Pernambuco, de maneira que está devidamente justificada a inclusão do seu
nome na relação. Aliás, a própria planilha apreendida pela Polícia Federal, no
caso de Elias, traz a expressão “número de conta confirmada”, demonstrando que
se trata de doação oficial.