domingo, 6 de setembro de 2015

Produtores de Leite do Agreste voltam a sofrer com a Seca


Os produtores de leite do Agreste começaram a sentir os efeitos de mais uma estiagem. E, o que é pior, a possibilidade de que essa seca se agrave é de 80% baseada nos estudos que analisam a formação do fenômeno climático El Niño que pode ser um dos mais fortes dos últimos 50 anos. Com a escassez de água, aumentam os custos de produção para manter o animal e, dessa vez, a desaceleração da própria economia e alta do dólar estão contribuindo para aumentar a crise na bacia leiteira pernambucana.

“Há 60 dias começou a piorar. A seca aumenta os custos de produção e as empresas não estão comprando o leite produzido na região. A diminuição dos compradores faz o preço cair. Já tem gente vendendo o litro por R$ 0,85 e o produto está sobrando”, diz o presidente do Sindicato dos Produtores de Leite de Pernambuco (Sinproleite), Saulo Malta. Segundo ele, a seca atinge cerca de 70% dos produtores dos municípios de Itaíba, Águas Belas, Buíque, Tupanatinga, Pedra e Venturosa, além de Bodocó, no Sertão.

O dólar também contribui para aumentar os custos dos produtores. “O saco de soja com 50 quilos está sendo vendido por R$ 73, quando custava R$ 66 há dois meses. E a tendência é aumentar”, afirma Saulo. Geralmente, o gado criado em Pernambuco é alimentado com 70% de palma, uma fibra (que pode ser o sorgo ou capim) que responde por 20% desse total e os 10% restantes são farelo de soja, ou de milho ou de algodão. Os três últimos são commodities e aumentam de preço, quando há uma alta da moeda americana. 

“Estamos emendando uma seca na outra. É o 5º ano de estiagem. A forragem (a ração) que tinha guardada acabou em abril. Desde então, cresceu 30% o custo do alimento do gado e o preço do leite caiu mais de 20% entre janeiro de 2014 e agosto de 2015”, conta o produtor Edson Félix que produz gado de leite em Altinho e em Buíque. Ele plantou sorgo em duas áreas da sua propriedade com a finalidade de ter uma ração na estiagem. A pouca quantidade de chuva resultou na perda do cereal. O jeito, segundo ele, é diminuir o rebanho, produzir menos leite e atravessar a seca com uma base genética boa para voltar a crescer, quando o clima melhorar. 

O produtor Pedro Galvão está trazendo a água de beber dos animais de caminhão por 35 quilômetros de uma fazenda em Pedra para outra em Buíque. “Usamos muito combustível e energia e ambos subiram muito”, lamenta. “Não estou mais fazendo conta, porque tudo está no prejuízo”, resume. (Com informações do Jornal do Commercio/JC online)