As negociações para a
composição da nova equipe ministerial da presidente Dilma Rousseff, articuladas
por integrantes da cúpula do governo e por líderes dos partidos aliados,
ampliaram o afastamento entre a petista e seu vice, Michel Temer. Conforme
relatos de peemedebistas, o novo arranjo da Esplanada proposto pelo Palácio do
Planalto diminui o poder de Temer, que, em resposta imediata, atuou para travar
o avanço das mudanças.
As discussões sobre a nova
divisão dos espaços do governo também ocorrem no momento em que Temer tem sido
excluído pelo Planalto das principais decisões. Desde o mês passado, quando ele
afirmou que "alguém" precisava unir o País diante do avanço das
crises econômica e política, o poder dele vem sendo desidratado gradativamente.
Articulada nos bastidores, a reação do Vice pode comprometer a reforma que tem
por objetivo afastar o risco de impeachment da Presidente no Congresso e
aprovar o ajuste considerado vital para diminuir o impacto da crise econômica.
No rascunho da reforma
apresentado aos congressistas por integrantes do Executivo, as Secretarias de
Portos e da Aviação Civil, ocupadas por ministros ligados a Temer, devem ser
distribuídas às bancadas do partido na Câmara e no Senado. Os deputados
peemedebistas também devem indicar o novo ministro da Saúde, pasta que detém o
maior orçamento da Esplanada.
Esse redesenho dos
ministérios, que segue a lógica de que a preferência é de quem tem voto, tem
sido comemorado no Congresso. Alguns peemedebistas lembram que, no início do
governo, Dilma tratava dos principais espaços do governo apenas com os
presidentes das legendas. Com o atual cenário de crise, em que o Congresso
poderá conduzir um processo de impeachment, essa prerrogativa teve de ser
revista e transferida às bancadas.
Mal recebida pelo Planalto, à frase dita por
Temer em agosto serviu como mote para o programa do PMDB que foi ao ar no rádio
e na TV na quintafeira. O Programa apresentou a imagem de Temer, presidente
da legenda, formada a partir de um mosaico composto pelas principais lideranças
do partido, com o objetivo mostrar que o Vice conta com apoio interno. Na
prática, entretanto, após ser afastado da articulação política e isolado pelo
Planalto, nem deputados nem senadores do partido defenderam nomes do grupo de
Temer para compor o ministério na semana passada. (Com informações do JC de
27/09/2015)