Cinco meses depois de anunciar
que os serviços de saúde prestados e gerenciados estavam comprometidos por
falta de recursos, o Instituto de Medicina Integral Professor Fernando Figueira
(IMIP) declara, em carta aberta à população, passar por uma crise sem
precedentes em seus 55 anos de funcionamento.
Com atraso no pagamento de
funcionários e fornecedores e redução do número de atendimentos, a Instituição mostra
preocupada em normalizar a situação urgentemente para que "não interrompa
sua trajetória de décadas em servir às famílias pobres da nossa região". Maior
organização social (OS) de saúde do Estado, o IMIP administra quatro hospitais,
oito Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) e três Unidades Pernambucanas
Especializadas (UPAEs), que atendem mais de 200 mil pessoas ao mês e possuem
mais de 5 mil funcionários.
Arte: Editoria de Arte/JC |
Os serviços são mantidos com
recursos dos governos federal e estadual, que vêm sendo sofrendo atraso e
defasagem. Até julho, são mais de R$ 68,8 milhões acumulados em déficit e
contas de provisionamento (possíveis indenizações e encargos), conforme dados
obtidos extraoficialmente. Os Hospitais Miguel Arraes, em Paulista, Dom Helder
Câmara, no Cabo de Santo Agostinho, e Dom Malan, em Petrolina (o Pelópidas da
Silveira, no Recife, é o único sem déficit) acumulam uma conta de R$ 36,9
milhões. As UPAs do Cabo, Barra de Jangada, Engenho Velho, Caruaru, São
Lourenço da Mata, Olinda, Igarassu e Paulista somam um déficit de R$ 30,4
milhões. Entre as UPAEs a conta (R$ 1,1 milhão) fica com a de Garanhuns. As de
Salgueiro e Petrolina estão saneadas.
A previsão para a sede do IMIP
é de um déficit de R$ 42 milhões este ano. "Temos clareza da gravidade do
momento histórico pelo qual passamos, mas não podemos assumir perante nossa
sociedade a responsabilidade pelas consequências desta situação", diz a
carta divulgada.
Em outro trecho destaca que o IMIP,
"por sua história de dedicação exclusiva ao Sistema Único de Saúde e
reconhecida eficiência administrativa, foi convidado por vários governos
municipais e estaduais a participar como OS de licitações para assumir a gestão
de unidades para prestação de serviços de saúde. Num passado recente,
devolvemos ao Estado da Bahia a administração de dois hospitais".
Procurado pelo JC para
comentar o documento, o presidente da instituição, Gilliatt Falbo, não quis
falar sobre os números. Disse apenas que estão sendo reduzidos os atendimentos
sem gravidade e sem urgência, em acordo com a Secretaria de Saúde do Estado. E
que o IMIP é tão vítima dessa situação quanto os pacientes. "Somos
prestadores de serviço e fazemos isso com a maior qualidade que podemos",
destaca.
"CRÔNICA DE UMA MORTE ANUNCIADA" - A crônica de uma morte
anunciada. É assim que o vicepresidente do Sindicato dos Médicos de Pernambuco
(SIMEPE), Tadeu Calheiros, define a situação do IMIP. "Não estamos
surpresos, a crise só evidencia o caos já existente no sistema de saúde, que é
generalizado, e só se resolverá com uma política adequada de financiamento do
setor", declara. "Vamos procurar a Secretaria de Saúde para que se
pronuncie e é preciso o Ministério Público intervir."
Conforme Tadeu Calheiros,
ainda ontem um grupo de médicos da UPA do Cabo, gerenciada pelo IMIP, procurou
o sindicato para se queixar de atraso salarial, falta de medicamentos e de
material de trabalho. "Desde o governo federal ao municipal o cenário é o
mesmo. Recebemos reclamações diárias desse tipo, partindo de profissionais de
UPAs e de grandes hospitais e o problema aumenta em progressão
geométrica." A Secretaria Estadual de Saúde (SES) se pronunciou por meio
de nota, sem dar prazos para solução do problema. Nela, diz que "reconhece
o momento delicado que se encontram todas as instituições parceiras do SUS em
Pernambuco, e se compromete com todas em criar saídas e soluções para enfrentar
o momento de grandes dificuldades financeiras uma realidade da saúde em todo
o País".
Continua afirmando que "tanto o IMIP, como as outras unidades que prestam assistência à população pernambucana, precisam receber o apoio e garantias para seu pleno funcionamento. E, neste sentido, a SES vem dialogando com todas as instituições parceiras para pactuar um cronograma de regularização dos repasses e encontrar saídas para o reequilíbrio financeiro". E conclui a nota salientando que "rediscutir com o Ministério da Saúde o financiamento do setor e o grave quadro de falta de recursos do SUS é fundamental para que se possa garantir a sobrevivência do próprio SUS e a assistência aos pacientes". (Com informações do JC, de 30/09/2015)
Continua afirmando que "tanto o IMIP, como as outras unidades que prestam assistência à população pernambucana, precisam receber o apoio e garantias para seu pleno funcionamento. E, neste sentido, a SES vem dialogando com todas as instituições parceiras para pactuar um cronograma de regularização dos repasses e encontrar saídas para o reequilíbrio financeiro". E conclui a nota salientando que "rediscutir com o Ministério da Saúde o financiamento do setor e o grave quadro de falta de recursos do SUS é fundamental para que se possa garantir a sobrevivência do próprio SUS e a assistência aos pacientes". (Com informações do JC, de 30/09/2015)