domingo, 22 de novembro de 2015

OPINIÃO: A Crise dos Municípios e a necessária volta da CPMF


Essa é destaque no JC, de 20/11/2015:

“A queda na arrecadação pública afeta diretamente a realização de serviços que devem ser prestados à população. Em áreas cruciais para a vida dos cidadãos, a exemplo da saúde, da educação e da segurança, a escassez de recursos pode ser vista facilmente na deterioração dos imóveis e equipamentos, por falta de manutenção, no desabastecimento de itens básicos para funcionamento, ou mesmo no atraso de pagamento de funcionários e fornecedores, que inviabiliza a continuidade dos serviços.

No JC de domingo, 15, reportagem de Paulo Veras mostrou como o cotidiano local tem sido prejudicado pela conjuntura nacional. A redução dos repasses do Governo Federal para os Municípios é o principal fator de desestabilização das cidades que não têm como buscar outras fontes de receita. Em Pernambuco, a situação é grave e ameaça inclusive o pagamento do 13º salário dos servidores municipais ao passo que os salários de contratados e comissionados já estão em atraso.

A dependência dos repasses governamentais é agravada pela recessão. O desemprego e a queda do poder aquisitivo das famílias, junto com o aumento da inflação, ameaçam a existência de pequenos negócios da economia local. A queda no movimento desanima os comerciantes, que não vêm perspectiva de melhora ­ a expectativa é de que as coisas piorem nos próximos meses. A arrecadação de impostos, vinculada à atividade econômica, também não deve melhorar. Num horizonte otimista, a recuperação da economia brasileira só deve acontecer a partir do segundo semestre do ano que vem.

Sem ter condições de pagar a folha salarial, alguns Prefeitos vão enxugando os gastos, cortando secretarias e cargos comissionados, ajustando a estrutura administrativa. Na zona rural, escolas são fechadas para racionar os custos. Na esteira da crise econômica, paira a incerteza política a um ano das eleições municipais: Prefeitos podem ser alvos de processos por improbidade administrativa se desrespeitarem a Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF).

A luz distorcida no fim do túnel é a aprovação da CPMF - o impopular imposto do cheque, incidente sobre movimentações financeiras. Após a reação inicial contra a recriação, o drama das Prefeituras é um dos argumentos para a volta da CPMF, com parte da alíquota destinada aos Municípios. Os Prefeitos querem apoio dos Governadores para garantir a aprovação da medida no Congresso, entendendo que não há outra saída para evitar o colapso das Prefeituras. O quadro é semelhante no País inteiro. Em carta aberta à população, os 22 prefeitos da Grande Florianópolis (PR) criticaram a concentração de renda para o governo federal, destacando que os municípios recebem apenas 17% da receita. Além disso, a União e os estados têm atrasado repasses, encolhendo os orçamentos previstos para as Prefeituras. Na crise, o desequilíbrio no pacto federativo brasileiro ganha corpo, e as queixas dos Prefeitos fazem todo sentido: como pagar as contas de um Município sem dinheiro?” (Com informações do Opinião JC, de 20/11/2015)