Todos os dias, 3.546 pessoas perdem o emprego no Brasil. Nos três
primeiros meses deste ano, 319,1 mil postos de trabalho já foram fechados. Na
história do País não há registro de tantas demissões em tão pouco tempo. A
velocidade no fechamento de vagas sinaliza que este ano será ainda pior do que
2015, quando a porta do emprego se fechou para 1,5 milhão de pessoas. Hoje 11,1
milhões de brasileiros estão desempregados. É como se toda a população do Rio
Grande do Sul estivesse sem trabalho. Muitas centrais sindicais decidiram não
comemorar o dramático 91º Dia do Trabalhador, celebrado neste 1º de maio.
É verdade que o Brasil já teve taxas de desemprego mais altas, mas o
que preocupa agora é o ritmo de fechamento das vagas e a dificuldade de
recolocação, em função da dimensão temporal que a crise econômica está tomando.
No ano passado, a taxa média anual de desemprego medida pelo IBGE chegou a
6,8%, a mais alta dos últimos 6 anos (em 2009, ficou em 8,1%). Pela Pnad
Contínua, que calcula a desocupação trimestral, a taxa de janeiro a março
alcançou 10,9%, a mais alta desde o início da série, em 2012.
O desemprego tem um efeito devastador na vida das famílias. Corrói as
economias, exige corte de gastos e rebaixa o padrão de consumo. Na casa da
soldadora Josenilda Maria da Silva, 37 anos, a vida mudou com a perda do
emprego. “Precisamos tirar nossa filha da escola particular e o padrão da
família mudou. Quando eu e meu marido estávamos trabalhando em Suape,
conseguimos reformar a casa, comprar um carro zero quilômetro e dar uma
educação melhor às nossas filhas. Agora, com os dois desempregados há mais de
um ano, vivemos da ajuda da minha mãe aposentada e do Bolsa Família, em que
conseguimos fazer o cadastro recentemente”, conta.
Ela trabalhou no Estaleiro Atlântico Sul e na
Refinaria Abreu e Lima, numa época em que o Estado ocupava o topo da lista na
geração de empregos no País. Em 2010, por exemplo, foram criadas 121,7 mil
novas vagas por aqui. Com a desmobilização da obra da Rnest a partir de 2014 e
o encolhimento da atividade dos estaleiros, em função das investigações da Lava
Jato, houve uma inversão e Pernambuco figura entre os Estados com a maior perda
de vagas. Em 2015, o fechamento de vagas ficou em 88,7 mil e só no primeiro
trimestre deste ano já está em 40,6 mil.
“A onda veio, subiu e morreu. Quem conseguiu surfar nela teve sorte.
Hoje Pernambuco sofre com a crise econômica e com o fracasso dos
empreendimentos. Suape chegou a ter 60 mil empregos e hoje se resume a 2 mil.
Muitas empresas faliram e foram embora sem pagar as rescisões”, diz o
presidente da Força Sindical em Pernambuco, Rinaldo Júnior. (Com informações do JC on-line)