domingo, 15 de maio de 2016

Fora do Governo Estadual, DEM e PSDB estruturam reedição da União por Pernambuco


Levados a sair da gestão Paulo Câmara (PSB), integrantes do PSDB e do DEM já falam, nos bastidores, no possível ressurgimento do mesmo grupo político que formou, lá atrás, a União por Pernambuco, agora capitaneado pelo PSDB, de olho nas eleições de 2018. 

O cálculo não exclui o PMDB, do deputado federal Jarbas Vasconcelos, nem uma aproximação com o bloco do senador Fernando Bezerra Coelho (PSB), que já teve vários atritos com o núcleo do governador e do prefeito do Recife, Geraldo Julio (PSB). "O que se encaminha é o surgimento de um novo polo de poder. Ou você acha que PSDB, DEM e outros partidos não vão conversar para criar um novo polo político em Pernambuco? Forçadamente, o PSB vai alimentando a construção dessa frente", alerta um Tucano.

A empolgação é resultado, principalmente, das nomeações dos deputados federais Bruno Araújo (PSDB) e Mendonça Filho (DEM) para os ministérios do governo Michel Temer, o que já teria modificado a correlação de forças no Estado. A hegemonia que o PSB conquistou durante a gestão Eduardo Campos não seria mais a mesma, na leitura de observadores. O desempenho da gestão Temer, que também conta com Fernando Filho (PSB) em Minas e Energia, pode ser fundamental para consolidar essa movimentação. Na Educação e Cultura, Mendonça Filho comandará o quarto maior orçamento da Esplanada. Já Bruno coordenará obras importantes para Pernambuco, como a navegabilidade e os corredores de ônibus do Grande Recife. Só via Minha Casa, Minha Vida, o Ministério das Cidades afirma ter investido vistosos R$ 8,7 bilhões no Estado, contratando 145 mil unidades habitacionais. O cargo dá ao tucano a premissa de circular pelo interior e atrair o apoio de prefeitos.

"Essa aliança que foi formada na última eleição não mais existe no momento e dificilmente será reeditada em 2018", afirma o deputado federal Daniel Coelho (PSDB), pré­-candidato a prefeito do Recife. "Do mesmo jeito que a gente está vivendo uma transformação rápida no plano nacional. O local também vai passar por transformações. É possível um novo quadro de alianças", adianta. A eleição deste ano vai ter um papel importante nesse cenário.

Líder da União por Pernambuco no passado, o PMDB ainda é uma incógnita. Além do presidente do partido, Raul Henry, ocupar a vice de Paulo Câmara, há um grupo de peemedebistas alinhado com Geraldo Julio e Jarbas, que já garantiu apoiar o PSB no Recife. O ex­-governador, porém, segue com prestígio em Brasília, junto a Temer, e de olho na presidência da Câmara, em 2017, quando o cargo não será mais um mandato­-tampão, o que pode lhe dar ainda mais musculatura política. Quando era lembrado como candidato a prefeito, Jarbas sempre recebeu acenos de Daniel e Priscila Krause, a candidata do DEM no Recife.

PSB PODE EVITAR A ALIANÇA - Se as condições para um eventual retorno da União por Pernambuco estão sendo criadas de um lado, por outro o PSB tem instrumentos para evitar uma volta ao passado, quando estava à margem do cenário político pernambucano.

Para isso, avaliam lideranças políticas em reserva, o partido precisa ser inteligente ao não permitir que se forme outro polo de poder político além do que é possível com uma união entre DEM e PSDB. Integrantes da base de apoio ao governador Paulo Câmara (PSB) contrários à "expulsão" do DEM e do PSDB do Estado defendem que o PSB olhe com mais atenção para o PPS e o Solidariedade, partidos que têm os dois pés na Frente Popular, mas ligações com democratas e tucanos.

O PPS integrou a União por Pernambuco, com menos relevância que PMDB, DEM e PSDB. Para segurar o partido, que agora tem o ministro da Defesa (Raul Jungmann), a saída seria mostrar que ele é um parceiro importante, por meio da oferta de mais espaço. O Solidariedade é presidido no Estado pelo deputado federal Augusto Coutinho, que tem relações familiares com o ministro da Educação, Mendonça Filho (DEM). Para neutralizar maior aproximação entre as legendas, o caminho também seria garantir uma participação mais ampla no governo estadual e na gestão do prefeito Geraldo Julio (PSB).

Dos partidos originais da União por Pernambuco, o que menos preocupa os socialistas, em tese, é o PMDB, justamente o "cabeça" da antiga coligação e maior rival dos socialistas no passado. Dentro do governo, a análise é que os peemedebistas são um parceiro consolidado. Essa fé no PMDB ocorre, sobretudo, pela boa relação entre Paulo Câmara e o vice-governador e presidente estadual dos peemedebistas, Raul Henry. O único "senão" fica por conta do deputado federal Jarbas Vasconcelos (PMDB), que vê a aliança com os socialistas com ressalvas, por conta de Geraldo Julio. 

O PV é outro partido que pode deixar a Frente Popular. Os verdes têm pré­-candidato a prefeito do Recife, mas seguem no Estado, segundo interlocutores do Governador, por conta da ação direta de Paulo na negociação com seus dirigentes. O partido está entre os considerados nanicos, mas em tempos de eleições, seja 2016 ou 2018, todo apoio é bem­-vindo e toda defecção é uma perda. (Com informações do Jornal do Commercio)